A coisa pode piorar. É Rui Rio que diz
Rui Rio prepara as legislativas com um objectivo que já não esconde: perder de pé, seja lá o que isso for, ainda que o próprio admita que o score nas legislativas até pode piorar dos 22% onde se encontra. Vai ser um verão assassino.
A partir de agora, começa a ser seriamente difícil criticar Rui Rio, porque torna-se cruel dizer mal de alguém que está no chão.
Ontem, na FLAD, Rui Rio declarou o seguinte sobre as consequências do resultado das europeias - que considerou funcionar apenas como “sondagem real” - nas legislativas que se seguem: “Não estou a dizer que o PSD vai ganhar de largo, até pode piorar, mas estou a fazer uma análise com sinceridade”.
O PSD até pode piorar nas legislativas. É o presidente que o diz, não num momento de alucinação a que qualquer humano pode ser sujeito, mas numa declaração pública, prevista e, julga-se, previamente preparada. Vamos repetir devagarinho: O PSD-até-pode-piorar. Sim, o PSD, que agora vale no distrito de Lisboa 16,4%, pode ir de mal a pior. Há qualquer coisa de trágico em Rui Rio, na forma como se autoglorifica pela sua específica (?) forma de fazer política e reivindica a moral da história.
Outra citação: “Eu penso que o segredo na política está em, de uma forma séria, captarmos eleitorado para o que são as nossas ideias, o que entendemos que garante o melhor futuro para Portugal, assim é que a política é feita com nobreza e assim é que se pode até perder de pé”. Ele, Rio, é o homem sério que não vende sabonetes e está disposto ao sacrifício de “perder de pé”: “Quando nós tentamos vender as nossas propostas como quem vende uma pasta de dentes, aí se perdermos não perdemos de pé”.
Rui Rio prepara as legislativas com um objectivo que já não esconde: perder de pé, seja lá o que isso for, ainda que o próprio admita que o score nas legislativas até pode piorar dos 22% onde se encontra. Vai ser um verão assassino.
Enquanto isto, António Costa – liberto dos incómodos de ter uma oposição que verdadeiramente cumpra o seu papel - arrancou ontem com a campanha para as legislativas. Anunciou várias convenções nacionais sobre os “desafios estratégicos” que vão constituir “a espinha dorsal” do futuro programa de governo: Alterações climáticas, demografia, transição para a sociedade digital e combate às desigualdades.
A decadência do PSD ocorre em simultâneo com a do CDS cuja líder se disse pronta para ser primeira-ministra e se auto-proclamou líder da oposição. Como a direita, ou o centro-direita se preferirem, não se extinguiu em Portugal – nem escolheu a pequena lancha de Santana Lopes – ou anda pela abstenção ou vota PS que, afinal, até se reconfigurou como “o partido das contas certas”. Na Europa houve vários grandes partidos que se extinguiram. Em Portugal parece que também estamos à beira disso.