Reacções à demissão de May: Corbyn pede eleições, Boris garante “Brexit” a 31 de Outubro
Há unanimidade em elogiar o trabalho da primeira-ministra, mas poucos acreditam que o “nó” do “Brexit” se desate de forma simples.
Jeremy Corbyn
O líder do Partido Trabalhista, o maior da oposição no parlamento de Westminster, defende a marcação de eleições antecipadas e diz que Theresa May “tomou a decisão” certa ao demitir-se.
“A primeira-ministra aceitou agora o que o país já sabe há meses: que não pode governar, tal como não pode governar o seu partido dividido e a desintegrar-se. As graves injustiças que prometeu resolver há três anos são hoje mais gritantes. O Partido Conservador falhou ao país na questão do ‘Brexit’ e não consegue melhorar a vida das pessoas ou lidar com as questões mais urgentes, O Parlamento está num impasse e os conservadores não oferecem soluções para os outros grandes desafios que o país enfrenta. A última coisa de que este país precisa é de mais fragilidade gerada pela luta interna entre os conservadores e de outro primeiro-ministro não eleito. Seja quem for o novo líder conservador tem que deixar que o povo decida o futuro do país através de eleições imediatas”.
Nigel Farage
O líder do Partido do Brexit, Nigel Farage, a quem as sondagens dão a vitória nas eleições europeias que se realizaram na quinta-feira no Reino Unido, diz que o Partido Conservador tem que deixar de subavaliar o sentimento do país, que diz ser pró-"Brexit” porque corre o risco de desaparecer (as mesmas sondagens davam escassos 7% do Partido Conservador).
“É difícil não ter simpatia pela sra. May, mas em termos políticos ela subavaliou o sentimento do país e do seu partido. Dois líderes tory cujos instintos era pró-Europa já se foram [David Cameron e Theresa May]. Ou o partido aprende esta lição ou morre”.
Arlene Foster
A dirigente do Partido Unionista Democrático (DUP) da Irlanda do Norte, agradeceu a May a sua “vontade em reconhecer as necessidades da Irlanda do Norte”. Uma declaração que se refere sobretudo a financiamento extra para esta província do Reino Unido. Foi com o DUP que May conseguiu maioria no parlamento, depois de ter ficado em posição minoritária nas eleições em 2017.
Nicola Sturgeon
A primeira-ministra da Escócia está preocupada porque “a confusão” não acaba com a saída de May e defende segundo referendo ao “Brexit”.
“A sua saída não resolve a confusão do ‘Brexit’ que os tories criaram. Isso só se resolve pondo de novo o assunto nas mãos do povo. Perante as actuais circunstâncias, creio ser errado que outro tory seja instalado no n. 10 sem haver eleições. A possibilidade de um brexiteer da linha ainda mais dura se tornar primeiro-ministro e de haver uma saída sem acordo é preocupante”.
Boris Johnson
O principal candidato ao lugar de líder do Partido Conservador e, por inerência, de primeiro-ministro, agradeceu a May.
“Muito obrigada pelo seu serviço estóico ao país e ao Partido Conservador. Agora é o momento de seguirmos o seu exemplo: de nos unirmos e concretizar o ‘Brexit'”. “Vamos sair da União Europeia a 31 de Outubro, com ou sem acordo”.
Carolyn Fairbain
A directora da Confederação da Indústria britânica adverte para os riscos de um não acordo.
“Theresa May não podia ter trabalhado mais para concretizar um acordo para o ‘Brexit’ que protege a economia. Deixa o cargo com o reconhecimento do sector. Mas a sua demissão tem que ser um factor para a mudança. O Reino Unido não pode ter um ‘Brexit’ sem acordo”.
Leo Varadkar
O primeiro-ministro da República da Irlanda homenageou os princípios de Theresa May.
“Pude conhecer Theresa May bastante bem nos últimos dois anos. Tem princípios, honra e entrega-se ao que considera ser o melhor para o seu país. Os políticos de toda a Europa admiraram a sua tenacidade, a sua coragem e a sua determinação durante este período difícil e desafiador. Theresa May suou para traçar um novo futuro para o Reino Unido”. Quero-lhe desejar o melhor e espero trabalhar de perto com o seu sucessor”.
Simon Coveney
O ministro dos Negócios Estrangeiros irlandês, menos protocolar que o chefe do Governo, diz que a União Europeia não tem um acordo diferente para oferecer a um primeiro-ministro diferente.
“Na minha opinião, não creio que a União Europeia ofereça um acordo diferente ou melhor ao novo primeiro-ministro. Esta ideia de que o novo primeiro-ministro vai ser um negociador mais duro e conseguir um melhor acordo... não é assim que a UE trabalha”.
Augusto Santos Silva
O ministro dos Negócios Estrangeiros português sublinha a crise política no Reino Unido e diz que o país faz falta na União Europeia.
“A demissão significa uma crise política no Reino Unido, mas o Reino Unido tem os mecanismos necessários para soluções rápidas de crises [políticas]. Esperamos que haja um novo Governo e, sobretudo, que as autoridades britânicas possam ser mais claras de forma a que a aprovação do acordo negociado, entre União Europeia e Reino Unido, possa fazer-se. Mas falta uma decisão dos britânicos e é essa decisão que esperamos. O Reino Unido faz muita falta à União Europeia, [mas ] respeitamos a decisão soberana do povo britânico.”