Cristas rejeita que CDS tenha mudado de posição, que é “clarinha como a água”
Líder centrista explica posição e garante voto contra se a proposta se não contemplar a sustentabilidade financeira, revisão de carreiras e aposentação.
A presidente do CDS-PP rejeitou este domingo, em Bruxelas, que o partido tenha recuado na questão da contabilização total do tempo de serviço dos professores, afirmando que tem adoptado “a mesma posição, clarinha como a água, desde o primeiro minuto”.
“O CDS tem a mesma posição desde o primeiro dia (...) Sempre o dissemos e voltamos a dizer: somos favoráveis à contagem de um tempo, que obviamente só pode acontecer quando há condições”, designadamente “crescimento económico, sustentabilidade financeira e também revisão da carreira dos professores, avaliação dos professores e aposentação”, declarou Assunção Cristas.
Para a líder do CDS, os mal-entendidos em torno da posição do partido, incluindo entre democratas-cristãos, como Pires de Lima, deveu-se ao facto de “todos” terem sido “objecto de uma desinformação generalizada, de uma mentira repetida e com a tentativa de passar a ser verdade”, tendo Cristas voltado a acusar o primeiro-ministro, António Costa, de ter montado “uma crise política com base na mentira”.
“Aquilo que o senhor primeiro-ministro fez foi vergonhoso. Vergonhoso. Próprio de alguém que pode ter muita habilidade, mas nenhum sentido de Estado”, acusou, insistindo que António Costa “mentiu descaradamente a todos os portugueses quando afirmou que o CDS tinha contribuído para carregar sobre as contas públicas”.
Cristas, acompanhada do cabeça de lista do CDS às eleições europeias de 26 de Maio, Nuno Melo, falava aos jornalistas durante o evento “O Melhor de Portugal”, organizado em Bruxelas pela Confederação dos Agricultores de Portugal, horas depois de o seu partido ter emitido um comunicado a esclarecer que os centristas só votarão a favor, em votação final, do diploma dos professores se forem aceites as suas condições.
A líder do CDS nega qualquer recuo como consequência da ameaça deixada na sexta-feira por António Costa, que anunciou que o Governo se demitirá se o diploma for aprovado na votação final global no parlamento, depois de o ter sido na especialidade, na última quinta-feira, apenas com os votos contra do PS.
“O CDS fará uma votação que nunca fez até agora, que é uma votação final global, porque essa ainda não existiu. O que nós votámos na especialidade foram os dois pontos relacionados com a nossa proposta: o tempo que deve ser considerado e a forma, as condições para considerar esse tempo, uma parte gerou um consenso mais alargado, a outra parte não gerou consenso”, apontou.
Garantindo que “a posição do CDS nunca mudou” e tem sido a mesma que tem sido comunicada há ano e meio aos professores, pelo que o partido “nunca criou falsas expectativas”, Cristas confirmou que o partido votará contra a proposta na votação final global se não incluir as suas condicionantes, pois os centristas só aprovarão o seu pacote, “que é um pacote completo”.
No comunicado divulgado pouco antes, Cristas já explicara que o partido vai avocar, para a votação final global, as propostas do CDS chumbadas na quinta-feira na comissão parlamentar de Educação e Ciência e que condicionavam o pagamento aos professores de uma negociação e de três condições. A avocação permite que, no plenário da Assembleia da República, se repitam votações da comissão, de modo a confirmá-las ou não.