Alguns Boeing 737 Max estiveram para ficar em terra em 2018

Inspectores norte-americanos consideraram manter em terra o ano passado alguns Boeing 737 Max, após saberem que o fabricante tinha desactivado um sinal de alerta relativo ao software de controlo de voo, indicou hoje fonte próxima do dossier.

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Os funcionários da Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) estavam encarregados de supervisionar a companhia aérea Southwest Airlines, a maior cliente do 737 Max, com uma frota de 34 aparelhos na altura, disse a fonte, que não quis ser identificada, à Agência France Presse. Colocou-se a hipótese de manter os aviões em terra para se ter tempo para determinar se os pilotos tinham necessidade ou não de mais formação, adiantou. A informação não chegou aos altos responsáveis da agência federal, disse ainda a mesma fonte, confirmando informações do diário económico Wall Street Journal.

Os inspectores descobriram que a Boeing tinha decidido tornar opcional e a ser pago à parte um sinal luminoso que alertava para avarias no software de controlo de voo MCAS, depois da Southwest ter pedido ao construtor para o reactivar na sequência de um acidente de um 737 Max 8 da Lion Air, que causou a morte de 189 pessoas a 29 de Outubro.

A Boeing tinha desactivado automaticamente aquele sinal nos 737 Max entregues à Southwest, sem informar a companhia aérea. Nem esta nem os pilotos sabiam das mudanças quando começaram a utilizar o avião em 2017, disse à AFP uma porta-voz da Southwest.

Como os reguladores, só foram informados depois da tragédia da Lion Air.

“Após o acidente da Lion Air, a Boeing informou a Southwest que os sinais não funcionavam se não tivéssemos escolhido a opção”, adiantou a porta-voz. Contactada pela AFP, a Boeing não respondeu no imediato.

Uma avaria no software de controlo de voo tem sido apontada como responsável pelos acidentes da Lion Air e da Ethiopian Airlines, com o mesmo modelo de avião, a 10 de Março, causando a morte de todas as 157 pessoas a bordo.

Após este segundo acidente, perto de 60 países interditaram o seu espaço aéreo ou suspenderam temporariamente a utilização de aeronaves Boeing 737 Max 8.

A Boeing anunciou no início de Abril que a partir de meados do mês reduziria a produção do avião de 52 para 42 por mês, para se poder concentrar em solucionar a avaria no software de controlo de voo que tem sido apontado como responsável pelos acidentes.

Segundo a empresa, esta crise já lhe custou mil milhões de dólares (cerca de 896 milhões de euros).