Jerónimo desafia PS a não usar desavença com BE para transformar saúde num negócio
O secretário-geral do PCP criticou a divulgação de “pseudo-acordos” que deveriam continuar privados.
O secretário-geral do PCP desafiou neste sábado o PS a não usar divergências com o BE para se afastar de um Serviço Nacional de Saúde universal e gratuito e criticou a divulgação de “pseudo-acordos” que deveriam continuar privados.
Questionado sobre a "desavença” dos socialistas com o Bloco de Esquerda quanto à Lei de Bases da Saúde, Jerónimo de Sousa disse esperar que “não sirva de álibi para o problema que actualmente existe”, responsabilizando o Governo do PS por “encontrar uma solução” para o problema das Parcerias Publico Privadas (PPP) no sector.
“Efectivamente há uma responsabilidade particular do Governo do PS, que não se pode escudar através deste acontecimento, deste episódio” e tem que “encontrar uma solução para o problema em relação às PPP, confirmando até os passos que tinha dado”, disse o secretário-geral do PCP.
Sobre o alegado acordo entre a ministra da Saúde, Marta Temido, e o BE [que o PS esclareceu depois não ser um documento final], Jerónimo de Sousa defendeu que “o que é público deve ser público e aquilo que é privado deve manter-se privado” e que a divulgação de “pseudo-acordos acaba por permitir o aumento da pressão sobre a solução a encontrar no plano legislativo”.
Para o PCP, a solução é clara, acrescentou Jerónimo de Sousa, reafirmando o objectivo de ver aprovada uma lei de bases que reconheça “o carácter fundamental do Serviço Nacional de Saúde: geral, universal e gratuito” e o que o Governo não opte por “transformar a saúde numa área de negócio”
Por isso, defendeu ainda Jerónimo de Sousa, a lei de bases deverá “acabar com a promiscuidade entre o sector público e o sector privado, que tem expressão mais significativa, nas PPP”.
Jerónimo de Sousa falava aos jornalistas em Peniche, onde hoje participou num desfile comemorativo dos 45 anos da libertação dos presos políticos, que aconteceu precisamente a 27 de Abril de 1974.
O desfile, organizado pela União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), juntou cerca de 4.000 pessoas que marcharam entre o quartel dos bombeiros e o Forte de Peniche, onde hoje será inaugurado Memorial aos presos políticos e a Exposição “Por teu livre pensamento”.