Terminal de cruzeiros e sede da EDP vencem Prémio Valmor de 2017

Prémio atribuído pela Câmara de Lisboa e pela Trienal de Arquitectura distingue novas construções, assim como obras de recuperação e reabilitação, e espaços verdes que “valorizem e salvaguardem” o património da cidade.

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Terminal de cruzeiros de Lisboa, do arquitecto Carrilho da Graça Adriano Miranda
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Terminal de cruzeiros de Lisboa Adriano Miranda
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Terminal de cruzeiros de Lisboa Daniel Rocha
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Terminal de cruzeiros de Lisboa Daniel Rocha
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Terminal de cruzeiros de Lisboa Daniel Rocha
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Terminal de cruzeiros de Lisboa Daniel Rocha
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Terminal de cruzeiros de Lisboa Daniel Rocha
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Terminal de cruzeiros de Lisboa Daniel Rocha
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Terminal de cruzeiros de Lisboa Daniel Rocha
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Terminal de cruzeiros de Lisboa Daniel Rocha
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Edificio da sede da EDP, do arquitecto Aires Mateus Direitos reservados
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Edificio da sede da EDP Rui Gaudêncio
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Edificio da sede da EDP Rui Gaudêncio
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Edifício da sede da EDP Rui Gaudêncio
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Edificio da sede da EDP Rui Gaudêncio
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Edificio da sede da EDP Rui Gaudêncio
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Casa em Alfama, do arquitecto Matos Gameiro Direitos reservados

O novo terminal de cruzeiros de Lisboa, de João Luís Carrilho da Graça, e o edifício da sede da EDP, do atelier Aires Mateus são os vencedores ex-aequo da edição 2017 dos Prémios Valmor e Municipal de Arquitectura.

Estes dois edifícios são, de resto, duas das principais obras que marcam a redefinição da paisagem ribeirinha da cidade. O novo terminal de cruzeiros, em Santa Apolónia, — cujo promotor é a Administração do Porto de Lisboa e Lisbon Cruise Port — assume-se como uma nova porta de entrada para o turismo de cruzeiro. Ao PÚBLICO, o arquitecto de 66 anos reconhece a importância do Prémio Valmor, “que é também um reconhecimento da comunidade de Lisboa”. E não é a primeira vez que o ganha. Em 1998, o edifício do Pavilhão do Conhecimento dos Mares (hoje Centro de Ciência Viva) valeu-lhe esta distinção. Dez anos mais tarde, em 2008, voltou a receber um Valmor pela Escola Superior de Música de Lisboa e, em 2010, pela alteração de um prédio de habitação na Calçada do Combro.

Nesta obra em particular, diz que se colocou “sempre do lado da cidade”, criando “um parque urbano verde” numa zona onde estes faltam. Mas a pensar também sempre na “funcionalidade do terminal”. “Desde o princípio pensei que o terminal poderia ser funcional, mas, sendo parte da cidade, quis sempre pensá-lo do ponto de vista da cidade e das pessoas que cá vêm e visitam”. Ao mesmo tempo, Carrilho da Graça não quis fazer daquele espaço um reduto de turistas, permitindo que pudesse ser usufruído pelos lisboetas, projectando um miradouro entre o Tejo e Alfama. “O [arqueólogo] Cláudio Torres dizia que o estuário do Tejo é o nosso pequeno Mediterrâneo”. 

Jogo de luz

Ambos os arquitectos realçaram o facto de o prémio distinguir os seus projectos, mas também a iniciativa dos promotores, o que acaba por “incentivar a qualidade da arquitectura”, sublinhou Manuel Aires Mateus. 

O edifício que desenhou para a sede da EDP acabou por introduzir na frente de rio uma arquitectura mais moderna e contemporânea, jogando com construções e espaços vazios, com a luz, transformando-se sempre conforme o local de onde o observamos.

Também não é a primeira vez que o arquitecto de 56 anos é galardoado com um Valmor. Já tinha sido distinguido por este mesmo edifício com o Prémio Pessoa, em 2017. Esta é a terceira vez que é galardoado com um Prémio Valmor. Em 2013, viu a sua obra de ampliação e nova cobertura verde da ETAR de Alcântara — em co-autoria com Frederico Valsassina e João Ferreira Nunes — ser distinguida, já depois de o ter recebido pela primeira vez, em 2002, pelo Edifício da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa.

“Alegra-me muito que a cidade veja esse esforço que foi feito”, reconhece o arquitecto ao PÚBLICO. Sobretudo porque, assume, é um edifício “com algum risco do ponto de vista conceptual”. Nunca tinha projectado um edifício destas dimensões. Como se acomodaria uma grande empresa e a enquadraria naquela zona da cidade? Que relação se manteria, afinal, com a cidade? “É uma relação que nós sempre pensamos que deve ser preservada. Essa relação que a cidade tem entre as colinas e o rio”, diz. Por isso, acabou por criar uma grande estrutura de sombra e de luz, que acabou a “arejar a Rua Dom Luís I, mais interior, e a permitir a sua ligação ao rio. 

Os dois arquitectos têm ainda muita obra em curso em Lisboa. Carrilho da Graça está agora a terminar outra obra na frente ribeirinha da cidade: a requalificação da Doca da Marinha. E está também a trabalhar na transformação do Pavilhão Azul, em Belém, “numa espécie de museu” onde serão feitas exposições a partir da colecção do pintor Julião Sarmento. Já Aires Mateus está a trabalhar num projecto para a “Casa do Publicitário”, no Restelo, “que será um edifício com algum impacto na cidade”, diz. 

Menções honrosas 

Foram ainda reconhecidas mais quatro obras que receberam uma menção honrosa por parte do júri constituído pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, pelo Director Municipal de Urbanismo Jorge Catarino Tavares, e pelos arquitectos Francisco Berger (da Academia Nacional de Belas Artes), Cândido Chuva Gomes (da Ordem dos Arquitectos), João Pardal Monteiro (da Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa) e Alberto Souza Oliveira, personalidade convidada pelo presidente da câmara de Lisboa, que foi também premiado pelo edifício de habitação, na Avenida Defensores de Chaves, ao qual deu o nome de Lisbon Stone Block. 

Além desta obra, receberam menções honrosas a recuperação do Palacete de Santa Catarina, pela arquitecta Teresa Nunes da Ponte, a transformação de um edifício de base medieval numa guest house — Casa em Alfama —, pelo atelier Matos Gameiro, e ainda a recuperação do Largo de Santos e vias adjacentes, uma obra integrada no programa municipal uma Praça em Cada Bairro, pelo atelier 92 Arquitectos, de João Almeida e Luís Torgal, com paisagismo de Victor Beiramar Diniz. 

O Prémio Valmor é atribuído pela autarquia e pela Trienal de Arquitectura de Lisboa, e foi criado em 1903 (pela vontade, expressa em testamento, do último visconde de Valmor, Fausto Queiroz Guedes), ano em que foi distinguido o Palácio Lima Mayer, na Avenida da Liberdade. Em 1982, este galardão foi associado ao Prémio Municipal de Arquitectura que havia sido criado em 1943. Mais de uma década depois, o regulamento foi reformulado para passar a incluir a área de arquitectura paisagística. Este prémio reconhece, em partes iguais, o arquitecto autor do projecto e o promotor da obra.

Para quem quiser saber mais sobre as obras distinguidas, haverá uma exposição, com entrada livre, dos seis projectos seleccionados pelo júri, de 12 a 30 de Abril, de segunda a sexta-feira, entre as 10h e as 20h, no Centro de Informação Urbana de Lisboa, no Piso 1 do Picoas Plaza. No dia 22 de Abril, pelas 18h, haverá ainda uma conferência com os dois arquitectos premiados. No sábado, 27 de Abril, às 10h e às 11h30, haverá uma visita guiada pelo arquitecto Carrilho de Graça ao terminal de cruzeiros. No domingo, 28 de Abril, às 17h30 e 18h30, será Manuel Aires Mateus a apresentar aos participantes o edifício sede da EDP. 

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