Salvini vai lançar segunda-feira a liga dos eurocépticos para as eleições europeias

Líder de extrema-direita italiana quer tornar-se o chefe de um movimento de conquista da UE. A Polónia parece esperar pelos resultados eleitorais para decidir se participa ou não.

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Matteo Salvini vai gravar um vídeo para espalhar as suas ideias CLAUDIO PERI/EPA

Matteo Salvini, o vice-primeiro-ministro italiano cujo partido de extrema-direita não pára de subir nas sondagens, convidou uma série de outros partidos populistas e anti-imigração para um encontro em Milão, na próxima segunda-feira. A ideia é criar ali uma aliança para as eleições europeias de 26 de Maio.

No entanto, o líder da Liga italiana não conseguirá ter a sonhada frente dos principais partidos soberanistas europeus, frisa o jornal La Stampa. Embora tenha entrado em conversações directas com Jaroslaw Kaczynski, o poderoso líder do Partido Direito e Justiça (PiS) polaco, que está a pôr em prática uma revolução conservadora e eurocéptica de tom semelhante à que Viktor Orbán lançou na Hungria desde 2010, o partido de Governo na Polónia só aceita dar apoio a esta frente após as eleições.

Prudente, Kaczynski mantém-se no seu grupo no Parlamento Europeu, o dos Conservadores e Reformistas, do qual faz parte o partido italiano Irmãos de Itália, aliados de Silvio Berlusconi.

Para trás, diz o La Stampa, ficam sonhos como a possibilidade de ter lançado Salvini como candidato à presidência do Parlamento Europeu contra o alemão Manfred Weber e o dos socialistas europeus, o holandês Frans Timmermans.

Matteo Salvini continua então ministro do Interior e vice-primeiro-ministro italiano, orgulhoso rosto da política de portas fechadas dos portos mediterrânicos a barcos com imigrantes – o que levou a União Europeia a reconverter a missão Sophia em mera vigilância do mar com aeronaves, reconhecendo a impossibilidade de fazer salvamentos.

Mas o ministro italiano não abdica de tentar ser o líder da nova extrema-direita europeia, alimentada pela fantasia catastrofista de que está iminente a “substituição” – é uma palavra usada como o gatilho de toda uma série de significados e conceitos – da população branca e cristã europeia por imigrantes escuros e muçulmanos vindos de fora do continente.

Salvini fala de contactos com pelo menos duas dezenas de partidos europeus, mas a grande novidade, na segunda-feira, será a entrada neste bloco da Alternativa para a Alemanha (AfD), diz o La Stampa. A francesa Marine Le Pen e o vice-chanceler austríaco Henz-Christian Strache tinham já juntando os seus partidos a esta aliança anteriormente…

Outras duas forças devem ainda juntar-se: o Partido do Povo dinamarquês e os Verdadeiros Finlandeses.

A própria reunião, e a divulgação do seu manifesto, servirá de plataforma de propaganda para tentar atrair outros movimentos populistas. Do programa fazem parte ideias como a defesa das raízes cristãs comuns, a identidade nacional, a supremacia da Constituição (italiana) sobre as directivas europeias, a luta contra a imigração ilegal e a protecção das fronteiras externas. E ainda superar a política de austeridade, dando a cada país a possibilidade de decidir a sua própria política económica, com base no ciclo económico.

Mas a dificuldade de criar uma aliança nacionalista e eurocéptica a nível europeu está logo nas suas raízes. Por exemplo, na relação com a Rússia – que pode ter sido o que afastou o PiS polaco, pois apesar de eurocéptico é também ferozmente anti-Rússia. O mesmo não se pode dizer de muitos outros partidos desta nova extrema-direita, nem de Matteo Salvini, fã declarado do Presidente russo Vladimir Putin.

Mas Salvini não desarma e fará tudo para o sucesso desta aliança – não foi à toa que o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, disse que o considera o “seu herói”. Matteo Salvini irá gravar um vídeo para difundir como fogo em palha seca pelas redes sociais, defendendo as suas ideias, e convidando todos aqueles que delas partilhem a aderirem a este projecto eleitoral eurocéptico, diz ainda o La Stampa.

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