Governo venezuelano dispersa manifestantes em Caracas com gás lacrimogéneo
Protestava-se contra os repetidos "apagões" que deixaram grande parte do país sem electricidade em Março, agravando a crise social e económica.
O Governo venezuelano dispersou com gás lacrimogéneo os manifestantes que tentavam reunir-se em Caracas no sábado para protestar contra os repetidos cortes de electricidade que afectam a maior parte do país desde o início de Março.
Os manifestantes, descritos como afectos à oposição, tentaram concentrar-se em vários pontos da zona oeste da capital, atribuindo os problemas a má gestão e à corrupção do Governo Nicolás Maduro. Já o Presidente Maduro fala de actos de “sabotagem” e “terrorismo” norte-americano”.
O líder da oposição e autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, tinha feito um apelo à população para se manifestar e protestar contra os apagões de grandes dimensões que estão a paralisar o país.
A capital e mais 20 estados voltaram a ficar mergulhados na escuridão na sexta-feira à noite. “Já estamos há 15 horas sem electricidade. Somos picados pelos mosquitos, as filas para comprar comida são imensas, e são raros os supermercados abertos, que também são assaltados”, queixou-se Mariana Pirela, uma das habitantes locais.
Os cortes também têm privado as populações de água, transportes públicos, telefone e Internet.
Em Maracaibo, uma cidade do Nordeste do país, cerca de 500 lojas foram pilhadas no início dos cortes de electricidade.
Por seu turno, o presidente Nicolás Maduro, que acusa a oposição de orquestrar os “ataques” contra a principal central eléctrica do país, com o apoio dos Estados Unidos, apelou também a uma “grande mobilização” para “dizer não ao terrorismo imperialista”.
Na Venezuela são cada vez mais frequentes e prolongadas as falhas no fornecimento de electricidade, passando de pequenos a grandes apagões que chegam a afectar a totalidade do território.
Desde 2005 que engenheiros alertam que o país poderia registar um apagão geral devido às condições precárias do sistema.
Segundo a imprensa local, devido à crise política, económica e social, centenas de empregados da Corporação Eléctrica Nacional da Venezuela (Corpoelec) abandonaram o país à procura de melhores condições no estrangeiro.