Rússia rejeita ameaça de Trump e mantém “especialistas” na Venezuela

Presidente norte-americano disse que "todas as opções" estão em aberto se Moscovo não retirar os seus militares. Kremlin diz que está a cumprir um acordo de cooperação e nega operações militares.

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Um avião russo no aeroporto Simón Bolívar, em Caracas Reuters/Carlos Jasso

A Rússia disse esta quinta-feira que enviou “especialistas” para a Venezuela à luz de um acordo antigo com o Governo do país, afastando a hipótese de os retirar após as declarações do Presidente dos EUA. Na quarta-feira, Donald Trump disse que “todas as opções” estão em aberto caso Moscovo não chame de volta a casa os seus militares.

Dois aviões russos aterraram no sábado nas proximidades de Caracas com quase 100 militares russos a bordo, segundo a agência Reuters.

O envio das tropas por Moscovo segue-se ao reforço do apoio dos EUA, nos últimos meses, ao afastamento do Presidente Nicolás Maduro, acusado de assumir um segundo mandato de forma ilegítima e inconstitucional.

No seu lugar, os EUA e mais quase 50 países aliados, incluindo Portugal, querem ver Juan Guaidó, o líder da Assembleia Nacional venezuelana que foi nomeado Presidente interino por aquela câmara.

Esta quinta-feira, o oficial de ligação venezuelano em Moscovo, José Rafael Torrealba Pérez, admitiu que a Rússia enviou “soldados” para a Venezuela, mas garantiu que nenhum deles vai participar em operações militares.

“A presença de soldados russos na Venezuela está ligada às discussões de cooperação na esfera técnico-militar”, disse Pérez à agência russa Interfax.

Também esta quinta-feira, uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo referiu-se ao grupo enviado por Moscovo para a Venezuela como “especialistas”.

“A Rússia não está a alterar o equilíbrio de poder na região, a Rússia não está a ameaçar ninguém, ao contrário de Washington”, disse Maria Zakharova na sua conferência de imprensa semanal.

“Os especialistas russos chegaram à Venezuela em linha com as provisões de um acordo bilateral de cooperação técnico-militar. Ninguém cancelou esse documento”, disse a porta-voz.

A crise política em que a Venezuela mergulhou depois da morte de Hugo Chávez, em 2013, agravou-se nos meses mais recentes com a tomada de posse de Nicolás Maduro para um segundo mandato como Presidente.

Logo após essa cerimónia, em Janeiro, a oposição proclamou o líder da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, Presidente interino do país.

Guaidó foi reconhecido como Presidente interino por quase 50 países, com destaque para os EUA e União Europeia; e Maduro continua a ser apoiado pelos velhos aliados do chavismo, com destaque para a Rússia e a China.

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