Unir, refundar, ajudar, construir: verbos que estão a mover a direita

Santana Lopes diz que são as “causas” que o movem. Mas também há quem queira refundar a direita. Quem pretenda reforçar o centro. E até há quem tenha algum “pejo” em dizer-se de direita.

Jorge Marrão - Movimento Esperança e Liberdade
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Jorge Marrão - Movimento Esperança e Liberdade Rui Gaudencio
Miguel Morgado - Movimento 5.7
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Miguel Morgado - Movimento 5.7 Miguel Manso
Pedro Santana Lopes - Aliança
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Pedro Santana Lopes - Aliança MIGUEL MANSO

O último a avançar com uma novidade no panorama político português foi Miguel Morgado, o militante do PSD que decidiu criar um movimento para “refundar a direita em novas bases e tendo em conta o país hoje”. Depois destas declarações ao PÚBLICO, o Movimento 5.7 teve uma apresentação pública, em Lisboa, na qual marcaram presença vários rostos de diferentes sectores da direita. Mais do que de diferentes sectores, os rostos eram mesmo de diferentes partidos. Foi, aliás, para salientar esse esforço de, mantendo as diferenças, juntar a direita – de fora só ficam aqueles a que Miguel Morgado chamou “sociais-democratas socialistas” – que foram escolhidos como oradores Cecília Meireles (CDS), Carlos Guimarães Pinto (Iniciativa Liberal) e o próprio Miguel Morgado.

O evento aconteceu, não por acaso, no primeiro fim-de-semana da Primavera. Para Miguel Morgado, o simbolismo que a data assume no calendário é claro: é um “bom augúrio” para cumprir o objectivo de se pôr fim a “um longo Inverno socialista”. Ao PÚBLICO, antes do evento, já tinha explicado que o movimento pretende “ajudar os partidos das direitas que existem”.

Também a Aliança, embora sendo um partido e não um movimento, pretende “unir”. Em Agosto, ao Expresso, o ex-militante do PSD e fundador da Aliança garantia: “viemos para construir e para unir, na política e no país”. Quando, em Agosto, abandonou o PSD, Santana Lopes deixou claro numa carta aberta alguma desilusão: “O que constatei foi o que o PSD gostava muito de ouvir os meus discursos mas ligava pouco às minhas ideias.” Afirmava, então, querer “intervir politicamente num espaço em que não se dê liberdade de voto quando se é confrontado com a agenda moral da extrema-esquerda” e querer “dar força à alternativa” de que o país “precisa para substituir a maioria de esquerda”: “É para isso que importa trabalhar. Num tempo novo a bem de Portugal”, defendia.

Já em Fevereiro deste ano, explicava, em entrevista ao PÚBLICO, que o que o moveu para criar um novo partido foram as “causas”: “Como disse um grande dirigente europeu, às vezes tem de se mudar de partido para se defender as ideias. Foi o que aconteceu comigo, mudar para defender as ideias em que acredito e que ao longo de muitos anos defendi. É isso que deve justificar a constituição de uma nova força política, que defenda uma nova atitude na Europa.”

Os temas europeus são também uma preocupação do Movimento Europa e Liberdade (MEL). Em Janeiro, o presidente Jorge Marrão explicava ao PÚBLICO: “O que queremos é reforçar os valores do centro, o centro foi sempre a solução.” Neste caso, o movimento pretende agitar o espectro de centro-direita e de direita. De fora do debate ficam os considerados “extremados” pelo MEL – o Bloco de Esquerda e o PCP.

Quem também não vê com bons olhos as políticas à esquerda é a Iniciativa Liberal. Na intervenção que fez, na apresentação do manifesto do movimento 5.7, Carlos Guimarães Pinto lamentou o legado socialista e considerou que o país está estagnado há 20 anos. Porém, apesar de rejeitar o socialismo e de se assumir como liberal em vários aspectos (individual e económico, por exemplo), este partido não exclui do discurso críticas à própria direita a quem aponta “erros”, por exemplo no que toca à forma como se posiciona perante os direitos das pessoas do mesmo sexo. Por isso, mais do que movimentar-se totalmente à vontade no campo da direita, Carlos Guimarães Pinto – que disse mesmo ter em “pejo” em afirmar-se de direita – prefere situar-se no campo não socialista.

Há ainda dois ex-militantes do PSD que estão a unir esforços: André Ventura (Chega) e Sofia Afonso Ferreira (Democracia 21). Neste momento, a coligação inclui o Chega e o Democracia 21 – que ainda não estão formalmente reconhecidos como partidos –, o PPM e o Partido Cidadania e Democracia Cristã.

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