Donos de armas na Nova Zelândia estão a entregá-las à polícia
Na sequência do ataque em Christchurch, o Governo quer impor fortes limitações à compra de armas de fogo, mas há quem já esteja a desfazer-se das suas.
Multiplicam-se as histórias de neo-zelandeses que estão a entregar as suas armas de forma voluntária, depois do ataque terrorista em Christchurch que deixou 50 mortos. O Governo prometeu rever a lei de posse de armas com o objectivo de reduzir drasticamente o seu número no país.
Até terça-feira à noite, pelo menos 37 armas de fogo foram entregues em vários postos de polícia espalhados pelo país, de acordo com os cálculos das forças de segurança, citados pelo Guardian.
São casos como o de John Hart, um agricultor de 46 anos de Masterton, que durante mais de vinte anos foi proprietário de uma caçadeira semi-automática. Mas o ataque contra uma mesquita em Christchurch na semana passada que chocou a Nova Zelândia fê-lo tomar uma atitude.
“Eu tinha esta arma desde que ela foi fabricada, estava contente por nunca ter feito mal a alguém”, disse o agricultor à CNN. “Agora posso ter a certeza que nunca magoou ninguém, portanto dá-me alguma segurança em relação a isso”, acrescentou.
Hart utilizava a sua arma para abater cabras e porcos selvagens para travar a sua propagação perto da sua quinta e reconhecia a “conveniência” da sua utilização. “Penso que não as devíamos ter no nosso país depois do que aconteceu. Senti que a coisa lógica a fazer era entregar a minha”, explicou.
Um pouco por todo o país, dezenas de pessoas têm feito o mesmo, depois de a primeira-ministra neo-zelandesa, Jacinda Arden, ter feito um apelo nesse sentido. A polícia emitiu instruções a toda a população sobre as melhores formas para entregar as armas de fogo. “Pode entrar em contacto com a esquadra de polícia mais próxima para receber conselhos sobre um transporte seguro das armas. Isto irá também permitir que os nossos funcionários fiquem a saber da sua chegada com antecedência”, informou a polícia nacional.
Calcula-se que existam 1,2 milhões de armas de fogo registadas na Nova Zelândia, o equivalente a uma arma por cada quatro habitantes. Depois do ataque da última semana, em que o atirador usou duas armas semi-automáticas e duas espingardas, o Governo quer rever a lei da posse de armas e pondera até proibir a posse de caçadeiras semi-automáticas.
As mudanças à lei da posse de armas são apoiadas por associações de caçadores, como a Fish and Game NZ, que vê com bons olhos proibições à compra de armas semi-automáticas de estilo militar e uma limitação a carregadores de elevada capacidade. “São feitos para uma só coisa que é matar pessoas”, disse à Radio NZ o director-executivo da associação, Martin Taylor.