Selecção de críquete do Bangladesh salvou-se por “três ou quatro minutos”
Torneio marcado para sábado junto a uma duas mesquitas alvo do atentado na Nova Zelândia já foi cancelado.
A selecção de críquete do Bangladesh ia sendo apanhada pelos disparos mortíferos na mesquita Al-Noor, em Christchurch, na Nova Zelândia. “Toda a equipa escapou por pouco”, escreveu no Twitter o batedor Tamim Iqbal, descrevendo a cena como “assustadora”.
A polícia neozelandesa recomendou aos habitantes de Christchurch, na costa Leste da Ilha Sul, na Nova Zelândia, para se manterem em casa. É em Christchurch que ficam as duas mesquitas alvo do ataque terrorista da madrugada desta sexta-feira.
“Eles [os jogadores] estavam à porta da mesquita prestes a sair do autocarro e a entrarem na mesquita quando ouviram os disparos e viram muitas pessoas a correr, percebendo que estavam a ver uma pessoa ferida”, descreveu ao diário NZ Herald o correspondente do Bangladesh para a ESPN, Mohammad Isam, que está a viajar com a equipa.
“Ao verem isto não saíram do autocarro. Dez minutos depois correram do autocarro e atravessaram o Parque Hagley até entrarem no Oval Hagley”, o recinto onde estava previsto um torneio, agora cancelado, onde a equipa ia jogar este sábado, disse ainda o jornalista. A selecção tem estado em digressão pela Nova Zelândia.
Mushfiqur Rahim, outro batedor, escreveu no Twiter que a equipa teve “imensa sorte” e que “nunca mais” quer “ver coisas como estas a acontecer”. Se a selecção “tivesse chegado três ou quatro minutos” estaria dentro da mesquita na altura dos disparos, descreveu o manager, Khaled Mashud. A Associação de Críquete do Bangladesh diz que a equipa está “a salvo de regresso ao hotel” e vai regressar a casa “nos próximos dias”.
"Saído de um filme"
“Diria que eles tiveram muita sorte. Estamos muito agradecidos por não terem sido apanhados na troca de disparos, mas o que vimos parecia saído de um filme”, disse ainda Khaled Mashud. “Vimos pessoas ensanguentadas a sair da mesquita. Estávamos dentro do autocarro sentados com as nossas cabeças para baixo, no caso de alguém disparar na nossa direcção.”
Em declarações à BBC, Isam, o correspondente do ESPN, canal americano especializado em desporto, explicou que chegou noutro carro ao parque de estacionamento. “Um jogador [Iqbal] telefonou-me a pedir ajuda – disse ‘salva-nos, estamos em apuros’”, explicou Isam.
“Não o levei a sério no início mas depois a voz dele estava a falhar e corri ao encontro deles. Tentei correr o caminho todo, apanhei uma boleia e cheguei perto deles. Vi o autocarro mas havia disparos por todo o lado. Vi uma pessoa morta e outra a correr na minha direcção com o ombro em sangue”, descreve. “Quando consegui chegar ao parque de estacionamento, os jogadores tinham saído do autocarro e só me gritavam para sair dali.”
"País tão seguro"
Como outros crentes, os jogadores da selecção preparavam-se para participar nas orações da tarde de sexta-feira, dia mais importante da semana para os muçulmanos. “Quando cheguei perto deles estavam a quebrar, tinham visto muito nos 15 minutos que passaram no autocarro, não tinham segurança nenhuma com eles, tratando-se um país tão seguro.”
A selecção de críquete da Nova Zelândia enviou “condolências” às famílias e amigos dos afectados pelos ataques em Christchurch e confirmou que todos os jogadores estão bem. Sonny Bil Williams, da selecção neozelandesa que já venceu várias vezes o Mundial de Rugby, afirmou-se “profundamente entristecido” – o jogador de 33 anos converteu-se ao islão em 2009.
O primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, ex-jogador internacional de críquete, também reagiu aos ataques no Twitter: “Chocado, condenando veementemente os ataques terroristas contra as mesquitas de Christchurch. Isto só reafirma o que sempre dissemos: os terroristas não têm religião. As vítimas e as famílias estão nas nossas orações”.