Já há organizações a pedirem a Conan Osiris para não ir a Telavive

Comité de Solidariedade com a Palestina, o SOS Racismo e as Panteras Rosa escreveram uma carta ao músico vencedor do Festival da Canção lembrando o "cerco ilegal" e o "apartheid" que Israel mantém aos palestinianos em Gaza e na Cisjordânia.

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Conan Osiris (mais à dta.) ontem em Portimão, recebendo o prémio das mãos das vencedoras da última edição do festival Pedro Pina/Cortesia RTP

O Comité de Solidariedade com a Palestina, o SOS Racismo e as Panteras Rosa apelaram este domingo a Conan Osiris para não ir a Telavive representar Portugal no Festival Eurovisão da Canção em solidariedade com artistas palestinianos. Conan Osiris venceu, no sábado, a 53.ª edição do Festival da Canção.

Numa carta enviada ao vencedor da última edição do Festival da Canção, aquelas organizações lembram que "a escassos minutos de onde terá lugar o Festival, Israel mantém um cerco ilegal a 1,8 milhões de palestinianos em Gaza, negando-lhes os direitos mais básicos". As três organizações acrescentam que "também a escassos minutos de Telavive, 2,7 milhões de palestinianos da Cisjordânia vivem aprisionados por um muro de apartheid ilegal".

"Israel continua a expandir a sua colonização na Cisjordânia, com o intuito de expulsar mais famílias palestinianas, entregando assim as terras e casas confiscadas a colonos israelitas", defendem.

As três organizações signatárias do apelo juntam-se ao movimento internacional de BDS — Boicote, Desinvestimento, Sanções — que denuncia o uso da cultura por Israel como instrumento de propaganda para branquear a sua imagem. Por outro lado, este movimento usa estes três instrumentos como meio não-violento de pressionar Israel a respeitar os direitos humanos da população palestiniana.

São já muitos de artistas de todo o mundo que recusaram a actuar em Israel enquanto o país insistir na "colonização" e no "apartheid", lembra o movimento BDS.

"O apelo ao boicote dos artistas palestinianos, brutalizados durante décadas pelo Estado de Israel, foi seguido por centenas de artistas internacionais e portugueses, de Roger Waters aos Wolf Alice. Eles percebem que a sua arte tem o poder de ajudar a mudar a situação na Palestina, mostrando a Israel que esta ocupação tem um custo", lembra Shahd Wadi, porta-voz do Comité de Solidariedade com a Palestina. E acrescenta que "Israel está a usar a Eurovisão para branquear a opressão do povo palestiniano", pelo que esta "é uma oportunidade para que Conan Osiris encontre um lugar nos livros de história, juntando o seu a outros nomes ilustres nesta campanha".

O movimento de boicote ao Festival da Eurovisão em Telavive lembra ainda que dois dias depois da vitória da canção israelita no Festival da Eurovisão 2018, Israel "massacrou 62 palestinianos em Gaza, incluindo seis crianças". E que nessa mesma noite, Netta Barzilai, a intérprete da canção vencedora da Eurovisão, realizou um concerto de comemoração em Telavive considerando que os israelitas tinham "motivos para estar felizes".