Sonda japonesa recolhe amostras de asteróide para desvendar os primórdios do sistema solar

A Hayabusa, "falcão" em japonês, foi lançada em 2014. Em Junho entrou na órbita do asteróide Ryugu, mas só agora conseguiu recolher amostras. Deverá regressar com elas no final do próximo ano.

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Ilustração da sonda Hayabusa 2 e do asteroíde Reuters
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O momento do lançamento da sonda, em Dezembro de 2014 Reuters/KYODO
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Ilustração da sonda Hayabusa 2 e do asteroíde Reuters
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O professor Yuichi Tsuda junto a uma imagem da aterragem da sonda Hayabusa 2 no asteróide Ryugu Reuters/KYODO
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Imagem da superfície do asteróide Ryugu JAXA/LUSA

A 27 de Junho, a sonda Hayabusa 2 chegou ao asteróide Ryugu para recolher amostras que permitissem estudar a origem e evolução do nosso sistema solar. Esta quinta-feira, quase oito meses depois, a sonda japonesa conseguiu tocar com sucesso no asteróide e recolher amostras que serão trazidas para a Terra e analisadas por cientistas. O feito da Hayabusa 2 é o seu primeiro grande sucesso desde Dezembro de 2014, data em que a sonda japonesa foi lançada em direcção à órbita do asteróide. 

Os cientistas que irão analisar as amostras recolhidas esperam encontrar informações sobre a composição original do nosso sistema solar, de forma a compreender a formação dos planetas e as condições que permitiram o aparecimento de vida na Terra. No entanto, terão de esperar até 2020 para o fazer. É para essa data que está agendado o regresso da sonda Hayabusa 2. O fim da missão deverá acontecer apenas em Dezembro do próximo ano, quando a sonda espacial voltar à Terra. A aterragem está planeada para Woomera, no Sul da Austrália.

O contacto entre a sonda japonesa e o asteróide aconteceu na noite desta quinta-feira, pelas 23h30 (hora de Lisboa), a uma distância de 300 milhões de quilómetros da Terra. A confirmação foi feita com base na alteração da velocidade e direcção da sonda, explicou a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA).

O momento foi transmitido em directo a partir da sala de controlo da equipa da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão. Nela, dezenas de membros acompanhavam com atenção os dados da sonda e não controlaram os expectáveis aplausos quando a sonda entrou em contacto com o asteróide.

As informações recolhidas serão agora armazenadas dentro da sonda até ao seu regresso, mas a porta-voz da agência espacial japonesa, Chisato Ikuta, garantiu que tudo indica que a missão será concluída com sucesso, uma vez que os dados recebidos na sala de controlo mostram que “a sonda continua a funcionar saudável e normalmente”.

“Estou bastante aliviado. Os momentos que antecederam o contacto pareciam intermináveis”, declarou um dos responsáveis pela missão, Makoto Yoshikawa, citado pelo jornal britânico Guardian.

A sonda disparou ainda um projéctil para o asteróide Ryugu, com o objectivo de agitar os materiais à sua superfície para recolher amostras. A missão planeia disparar mais dois projécteis, acrescentou Yoshikawa. O investigador japonês acredita que os materiais recolhidos se traduzam em “novas descobertas na ciência planetária”.

A aposta neste asteróide baseia-se na convicção de que contenha quantidades relativamente grandes de matéria orgânica e água que recuam à formação do sistema solar, há cerca de 4600 milhões de anos. O Ryugu pertence a uma das mais primitivas famílias de materiais do nosso sistema solar. “Este é o material que não foi transformado em planetas, foi deixado para trás”, contextualiza John Bridges, professor de ciências planetárias na Universidade de Leicester, no Reino Unido.

O Ryugu, considerado um asteróide antigo, foi descoberto em 1999. Tem menos de um quilómetro de diâmetro e está classificado como um asteróide do tipo C – rico em carbono. Demora pouco mais de ano para dar uma volta ao Sol. Já para girar sobre si próprio só precisa de cerca de sete horas e meia e tem um campo gravitacional 60 mil vezes mais fraco do que o da Terra. Apesar de existirem asteróides com características semelhantes que chegam à Terra, a velocidade e combustão quando entram na atmosfera e caem como meteoritos provoca a sua contaminação e impossibilita a análise detalhada que as amostras recolhidas agora possibilitam.

O feito mereceu os elogios da comunidade científica e pelos pares da astronomia, incluindo o administrador da agência espacial norte-Americana NASA, Jim Bridenstine. 

Jim Bridenstine afirmou que a agência norte-americana “está ansiosa para comparar dados e partilhar amostras com o Japão”, sem deixar de antecipar igual sucesso entre a comunidade norte-americana, lembrando a sua disponibilidade para uma colaboração com o Japão, quando também a sonda norte-americana Osiris “regressar da sua missão com amostras asteróide Bennu em 2023”.

Para conseguir recolher as amostras com sucesso, a Hayabusa 2 foi equipada com um laser para observar o campo gravitacional e as características da superfície, uma câmara para melhorar a observação do solo e um espectrómetro para estudar a composição do asteróide. 

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