Dois robôs japoneses aterraram pela primeira vez num asteróide — e já enviam fotografias

A missão japonesa chegou ao asteróide Ryugu em Junho, mas só agora tocou a superfície do corpo rochoso. As amostras e os dados recolhidos poderão ser úteis no estudo da origem e evolução do nosso sistema solar.

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Ilustração dos dois rovers “saltitantes” divulgada pela agência JAXA LUSA/JAXA HANDOUT

São os primeiros robôs a aterrar na superfície de um asteróide: lançados da sonda japonesa Hayabusa 2, dois pequenos exploradores mecânicos aterraram este sábado no rochoso asteróide Ryugu, que tem pouco menos de um quilómetro de diâmetro e está a cerca de 300 milhões de quilómetros da Terra. A Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial (JAXA), responsável pela missão, confirma que os dois rovers estão “em bom estado” e que têm conseguido enviar dados e fotografias para a Terra.

O Rover-1A e o Rover-1B, os dois robôs que estiveram encapsulados no módulo Minerva-II-1, pesam um quilo cada e estão munidos de sensores de temperatura e câmaras – cujas imagens captadas têm sido divulgadas pela agência japonesa através das redes sociais. Numa delas, é possível ver a superfície rugosa do asteróide Ryugu; noutra, vê-se a sonda japonesa Hayabusa 2, a “boleia” dos dois robôs que saiu da Terra em direcção ao asteróide em Dezembro de 2014. Passou a orbitá-lo em Junho deste ano.

Descoberto em 1999, o asteróide Ryugu é considerado “antigo”, o que faz com que as amostras recolhidas na sua superfície possam ser preciosas no estudo da composição original do nosso Sistema Solar, na compreensão das condições em que os planetas foram formados e até para perceber o que permitiu o aparecimento de vida na Terra.

Ainda que a Agência Espacial Europeia (ESA) tenha conseguido em 2014 aterrar a sonda File no cometa gelado 67P/Churiumov-Gerasimenko, esta é a primeira vez que um robô de exploração espacial aterra na superfície de um asteróide. Os cometas e os asteróides formaram-se no início dos sistemas solares, mas diferem em termos de composição: os asteróides são rochosos e os cometas tendem a ser gasosos, formados sobretudo por gelo.

A sonda Hayabusa 2 foi aproximando-se do corpo rochoso e, quando estava a cerca de 60 metros da sua superfície, os dois robôs cilíndricos foram lançados – agora, sabe-se que aterraram em segurança e que andam a “saltitar” pelo asteróide. A baixa gravidade do corpo celeste (60 mil vezes mais fraca do que o campo gravitacional da Terra) permite que os dois robôs exploradores possam “pular” na sua superfície.

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Imagem recolhida pelo Rover-1B mostra a superfície do asteróide (à direita) JAXA

Nos finais de Outubro, a sonda japonesa deverá descer até à superfície do asteróide para recolher amostras do solo. Mais tarde, antes de a sonda iniciar o regresso em finais de 2019, serão detonados explosivos na superfície de Ryugu para possibilitar a recolha de rochas que não tenham estado sujeitas à erosão espacial, refere a BBC.

Para já, o sucesso da aterragem do módulo na superfície do asteróide tem sido razão de entusiasmo. “Fiquei comovido por ver estes pequenos robôs a explorarem a superfície de um asteróide, sobretudo porque não o conseguimos fazer na altura da [primeira] Hayabusa, há 13 anos”, conta o responsável pela missão Hayabusa 2, Makoto Yoshikawa.

A primeira sonda Hayabusa – que significa “falcão” na língua japonesa – foi lançada para o espaço em 2003 com o objectivo de recolher amostras do asteróide Itokawa, para serem posteriormente analisadas em Terra. Apesar das dificuldades ao longo dos dois mil milhões de quilómetros de missão (com problemas no sistema de propulsão, por exemplo), a sonda conseguiu regressar ao nosso planeta em 2010 com pequenas amostras do asteróide Itokawa, onde chegara em 2005.

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O receptáculo Minerva-II-1, que levou os dois rovers JAXA
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