Burguesia, luta armada e os "parasitas". As frases e os alvos de Arnaldo Matos

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Arnaldo Matos, fundador do partido maoísta PCTP/MRPP, morreu nesta sexta-feira aos 79 anos. "O grande educador da classe operária" optou, entre outros meios, pelo Twitter para passar a sua mensagem, desde Setembro de 2017. Escreveu a tinta mais de três mil tweets que a companheira, Cidália, introduzia no smartphone. Por lá apelou à luta armada e à revolta popular, e considerou que "isto é tudo um putedo". Uma tradição de polémica que passou também pelos jornais e pelo Luta Popular, o órgão oficial do partido que viu nascer para a política nomes como Durão Barroso e Ana Gomes. 

Os primeiros anos da democracia

"Maior desgraça ainda do que estar sem armas é estar sem as ideias de que é preciso usar essas armas". Comício no Porto a 2 de Agosto de 1975

"O PS representa uma burguesia que é porta-voz do subimperialismo europeu e americano". Expresso, 9 de Agosto de 1975

"A [Assembleia] Constituinte é um covil de parasitas". Conferência de imprensa em Fevereiro de 1976

A adesão à CEE

"Exigimos a revogação imediata do acordo [de adesão à CEE] já assinado e a abertura de um debate nacional (...) que termine com um referendo sobre se, sim ou não, devemos entrar na CEE". Expresso, 13 de Setembro de 1980

O PCP

"Álvaro Cunhal é o responsável pelo facto de a classe operária não ter tomado o poder em 1974/75". O Independente, 17 de Fevereiro de 1993

"Antes do 25 de Abril o PCP era o nosso inimigo principal, do ponto de vista ideológico. Mas o que era preciso derrubar em Portugal era o regime fascista". Diário de Notícias da Madeira, Abril de 1999

PCP e Bloco de Esquerda são partidos marxistas? "Não. Apesar de se reclamarem de tal. O marxismo imporia outra forma de actuação". Visão, 28 de Outubro de 1999

As ideias e ideais

"Organizemo-nos e lutemos contra esta exploração capitalista com tudo o que tivermos à mão". Acompanhado de uma imagem de duas armas cruzadas e da frase "I love AK-47" (eu amo a [arma de assalto] AK-47), Twitter, Junho de 2018

"Todas as transformações históricas vêm de minorias de esquerda". PÚBLICO, 26 de Junho de 1993

"A China transformou-se num país capitalista que nada tem que ver com o ideal de Mao". Visão, 28 de Outubro de 1999

"O principal investimento que o Estado deve fazer é no Homem, e, por isso, esse investimento é na educação". Prós e Contras da RTP1, Julho de 2005

A ruptura com o PCTP/MRPP

"Eu nunca abandonei as minhas ideias, embora a vida me obrigue, (...) a acorrer às necessidades que surgem. Deixei a direcção do MRPP porque o partido não estava em condições de dar respostas correctas às novas tarefas" PÚBLICO, 26 de Junho de 1993

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Entrevista ao PÚBLICO, a 26 de Dezembro de 1993, em que Arnaldo Matos prometia que "a revolução vai retomar o fôlego". À esquerda, imagem da entrevista à revista Visão, em Outubro de 1999 (fotografia de Gonçalo Rosa da Silva).

O Governo de Costa e os acordos à esquerda

"Costa, não tendo maioria, pensa obtê-la com o jackpot das raças no governo: um monhé, um preto, um cigano, um judeu, faltou um chinês... Em vez de limitar-se ao apoio dos partidos (PCP, Bloco, Verdes), reforçou-se com o apoio das raças." Twitter, Outubro de 2018

"Há três coisas que os estudantes não devem pagar: as propinas, os passes sociais de transportes públicos e as despesas de saúde. Unam-se e façam greve! Venceremos! Mostrem que o PS é uma merda! Mostrem que PS, PCP, BE e Verdes são tudo um putedo!​". Twitter, Fevereiro de 2019

"O negro que governa o povo de Angola, recebeu o goês que nos governa num elegantíssimo fato cinzento de gravata azul. Agora compreendemos melhor as palavras da nobre cidadã Maria Antónia Palla, a mãe do goês: Costa vai vestido de engraxador, porque vai a Luanda engraxar sapatos". Twitter, Setembro de 2018, após a visita de António Costa a Angola, onde chegou de calças de ganga

"O que diferencia a situação do Movimento Europeu dos Coletes Amarelos do movimento das massas portuguesas está na coligação de traição que o PCP, o Bloco e os Verdes fizeram e fazem com o partido minoritário do PS para manter o actual figurino governamental, enforcando os interesses do proletariado e da classe média". Editorial publicado no Luta Popular em 2018

Os ataques de Paris e a violência policial

"Não é o islamismo, mas o imperialismo a causa real, verdadeira e única do ataque a Paris (...) não só não foi um massacre, como foi um acto legítimo de guerra". Editorial publicado em Dezembro de 2015 no Luta Popular, órgão de comunicação do PCTP-MRPP, na sequência dos ataques terroristas de Paris, que mataram 130 pessoas

"Não são os negros que são visados pelos assassínios policiais, mas os resistentes, os proletários em cólera. É a classe operária que é a visada pelo terrorismo de Estado do imperialismo ianque, e mais ninguém". Luta Popular, Julho de 2016. Texto a propósito do debate sobre morte do jovem afro-americano Michael Brown, alvejado por um polícia em Ferguson, EUA

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