Papa expulsa do sacerdócio ex-cardeal de Washington acusado de abusos sexuais

O Papa Francisco negou o recurso de Theodore McCarrick, que se torna o primeiro cardeal no último século a ser destituído do título.

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Reuters/Max Rossi

Depois de ter sido despojado do título de cardeal em Julho do ano passado, Theodore McCarrick foi este sábado expulso do sacerdócio da Igreja Católica, devido às acusações que enfrentava por abusos sexuais, ainda antes do período em que foi arcebispo de Washington, nos Estados Unidos, entre 2001 e 2006.

McCarrick, de 88 anos, é o primeiro cardeal da Igreja Católica a perder o título no último século, diz a agência Reuters. A passagem ao estado laico significa que não poderá administrar sacramentos, vestir-se como sacerdote – embora possa administrar a extrema-unção, numa emergência.

O ex-cardeal é acusado em vários casos de abuso sexual de menores e seminaristas, que foram reportados ao Vaticano. Há o caso de um jovem que relatou ter sido abusado pelo cardeal quando ainda era menor – o seu testemunho foi considerado credível.

A Congregação para a Doutrina da Fé considerou McCarrick culpado de abusos sexuais de menores e adultos, e também do crime de "solicitação" – que o Vaticano define como uma situação em que um padre usa o pretexto do sacramento da confissão para cometer um acto imoral com um penitente, explica a Reuters.

Ambos os crimes "são agravados pelo factor do abuso de poder", diz o Vaticano em comunicado. "O Santo Padre reconheceu a natureza definitiva, de acordo com a lei, desta decisão, que faz com que o caso esteja resolvido, ou seja, não susceptível de recurso", adianta.

McCarrick respondeu apenas a uma das acusações, mas disse que não se lembrava de nada sobre o abuso a um jovem de 16 anos há 50 anos.

Nascido em Nova Iorque, em 1930, McCarrick foi ordenado cardeal por João Paulo II e participou no conclave de Abril de 2005 que elegeu o pontífice Bento XVI.

Esta decisão do Vaticano antecede um encontro que reunirá os principais representantes nacionais da Igreja Católica para se debater e reflectir a "crise global do abuso sexual", que se realiza na próxima semana. Os líderes das conferências episcopais, que juntam todos os bispos de um dado país, têm encontro marcado com o Papa Francisco entre 21 e 24 de Fevereiro e será a primeira cimeira do género sobre este tema.

Numa carta aberta tornada pública em Agosto de 2018, o Sumo Pontífice adoptou uma atitude inédita, condenando de forma veemente os crimes cometidos e reconhecendo que "nunca será suficiente o que se faça para pedir perdão e procurar reparar o dano causado".

A perda do 'barrete cardinalício' só teve um único precedente na história da Igreja Católica, designadamente em 13 de Setembro de 1927 e não estava relacionada com os abusos sexuais. O cardeal Louis Billot apoiara o movimento nacionalista e ultraconservador Action Française, foi condenado por Pio XI e depois de ser recebido pelo Papa deixou o cargo.

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