Papa Francisco: "Não discutam à frente das crianças"

O Sumo Pontífice fez este pedido às famílias das 34 crianças baptizadas, 27 delas ainda bebés.

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O Papa presidiu este domingo na Capela Sistina, do Vaticano, ao baptismo de 34 crianças, 15 meninas e 12 meninos, na maioria filhos de funcionários do Vaticano, e pediu que os pais “nunca discutam” diante deles.

A homilia improvisada, numa longa cerimónia, destacou a necessidade de transmitir a fé aos mais novos com a própria “vida de fé”, de pais e padrinhos, com o “amor dos cônjuges e a paz da casa”.

“Nunca discutam à frente das crianças”, apelou Francisco, considerando que é normal que existam momentos de discussão – “seria estranho que não”, admitiu. “Mas discutam sem que as crianças ouçam ou vejam, não sabem o que é a angústia de uma criança quando vê os pais discutir”, recomendou.

O Papa quis assim deixar um “conselho” prático para ajudar a “transmitir a fé”, que os pais pediram hoje para os seus filhos, no baptismo.

A intervenção centrou-se na transmissão dessa fé e no dom do Espírito Santo, que permite que a mesma cresça.

“Alguém me poderia dizer: sim, sim, devem estudar. Claro, quando forem à catequese, vão estudar bem a fé, aprenderão o catecismo, mas antes do estudo, a fé tem de ser transmitida e esta é uma missão que recebem”, referiu o pontífice aos pais e padrinhos presentes no Vaticano.

A transmissão da fé, acrescentou, “faz-se em casa”, no “dialecto da família”, com as palavras, com o “exemplo” e com gestos simples. “Isto é importante, há crianças que não sabem fazer o sinal da cruz”, exemplificou.

Esta foi a sexta vez no actual pontificado que Francisco presidiu à Missa na Capela Sistina na festa do baptismo do Senhor, com a qual se encerra o tempo litúrgico do Natal no calendário católico. À imagem do que aconteceu nas anteriores ocasiões, o Papa teve uma palavra especial para as mães, para que se sentissem confortáveis caso tivessem necessidade de amamentar os filhos, “num ambiente estranho” para eles.

“Estejam à vontade, não os tapem demasiado, e se choram porque têm fome, amamentem-nos, sem problema”, referiu. O Papa brincou ainda com a “vocação polifónica” dos bebés, capazes de criar um “coro de pranto”.

A cerimónia decorreu seguindo os vários ritos previstos no Sacramento do Baptismo para os pequenos Eduardo, Benedita, Leonardo, Bianca, Mia, Genebra, Sílvia, Adriano, Valério, Lavínia, Luís, Raquel, Bianca, Leonor, Tomás, Lucas, Ilian, Benedita, Samuel, Francisco, Lourenço, Júlia, Emanuela, Samuel, Clara, Sara e Matias.

Ao longo de quase duas horas, a celebração incluiu a invocação dos santos, a oração do exorcismo, a unção pré-baptismal, a oração e a invocação sobre a água, a renúncia a Satanás e a profissão de fé, a aspersão com água benta, a unção com o óleo da Crisma, a entrega da veste branca e da vela acesa.

Por causa da configuração da Capela Sistina, com o altar colocado sob a representação do Juízo Final, de Michelangelo, o Papa celebrou “versus Deum” e não de frente para a assembleia.

Já desde a janela do apartamento pontifício, após a recitação da oração do ângelus, o Papa pediu orações para os recém-baptizados e as suas famílias.

"Nesta ocasião, renovo a todos o convite a conservar sempre viva e actual a memória do seu próprio baptismo. Aí estão as raízes da nossa vida em Deus, as raízes da nossa vida eterna, que Jesus Cristo nos deu com a sua Incarnação, Paixão, Morte e Ressurreição”, disse o Papa.

A tradicional reflexão de domingo, perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, convidou todos os católicos a “renovar com gratidão e convicção” as promessas do seu baptismo, procurando também saber a “data” em que foram baptizados.

“O amor do Pai, que todos nós recebemos no dia do nosso baptismo, é um chama que foi acesa no nosso coração e precisa de ser alimentada através da oração e da caridade”, declarou.

Francisco recordou que, com o final do tempo litúrgico do Natal, a Igreja entra no chamado “Tempo Comum”.

“Como Jesus, após o seu baptismo, deixemo-nos guiar pelo Espírito Santo em tudo o que fazemos. Para isto, porém, temos de invocá-lo! Aprendamos a invocar, mais vezes, nos nossos dias, o Espírito Santo, para poder viver com amor as coisas comuns e assim torná-las extraordinárias”, apelou.