Real Madrid evitou cilada na Arena de Amesterdão
Os deuses não protegeram o audaz Ajax, traído pelo cinismo do campeão. Em Londres, o Tottenham deu passo firme rumo aos “quartos”.
O Real Madrid sobreviveu à “cilada” montada na Johan Cruyff Arena, na primeira mão dos “oitavos” da Liga dos Campeões, regressando a casa com uma vitória (1-2) importante sobre o Ajax e uma ferida que deverá cicatrizar em Madrid, a 6 de Março. Benzema (60’) e Asensio (87’) carimbaram uma vitória sofrida, com Hakim Ziyech (75’) a relançar um jogo ingrato.
Indiferente às motivações do Real, que voltava a pisar o solo sagrado de Amesterdão — onde em 1978 os espanhóis conquistaram pela sétima vez a Liga dos Campeões — o Ajax assumiu descaradamente o controlo absoluto do jogo. Fraco consolo perante um desperdício absurdo. No processo, Santiago Solari assistia, sem reacção aparente, à pressão que ameaçava esmagar os vencedores das últimas três edições.
Bale converteu-se em mero defesa e, quando aos sete minutos surgiu na área holandesa, limitou-se a atirar frouxo. Mas o Ajax era invariavelmente traído pela falta de eficácia de Mazraoui e pela oposição de Courtois e de Sergio Ramos, com o capitão obrigado a aplicar-se a fundo no seu 600.º jogo, acabando por não evitar o amarelo que o afasta da segunda mão.
Com o “catalão” Frenkie de Jong a ofuscar Modric, Tadic preparava-se para fazer implodir o poste da baliza do belga. O avançado sérvio reclamava, com razão, de um fora-de-jogo mal assinalado (ainda no meio-campo do Ajax), já depois de Vinícius ter respondido ao assédio dos locais com o melhor remate dos espanhóis em toda a primeira parte, mas que Onana resolveu com classe. Sem sinais de retoma, o Real Madrid acabaria mesmo por viver um pesadelo de que despertou graças a intervenção do VAR. O esloveno Damir Skomina, por indicação do polaco Szymon Marciniak (que inicialmente tinha sido nomeado para árbitro principal, passando para VAR a 48 horas do apito inicial) anulou o golo de Tagliafico (38’), um minuto depois de Ziyech ter falhado escandalosamente na cara de Courtois.
Dissecado o lance, o videoárbitro penalizou a acção de Tadic, mesmo que a Courtois, já pronto para assumir totalmente a culpa pelo falhanço, não tenha ocorrido qualquer irregularidade, tendo sido marcado fora-de-jogo posicional ao goleador sérvio, que desgraçadamente estava no caminho do gigante belga.
Salvo pelo gongo, o Real Madrid surgiu algo aliviado após o intervalo. O Ajax continuava a mandar e a esbanjar. Aproveitou Vinícius para arrastar a defesa e servir Benzema. Os holandeses acabaram por marcar, mas um erro de Onana permitiu a festa “merengue”, com Asensio a inclinar a eliminatória. De Jong reclamou falta de Lucas Vázquez, que o VAR ignorou.
No outro jogo da noite de Champions, o Tottenham conquistou em Wembley uma vantagem confortável para a viagem a Dortmund (3-0). Son Heung-Min (47’), Vertonghen (83’) e Fernando Llorente (86’) impuseram, depois de uma primeira parte com sinal mais dos alemães, a lei dos “spurs”. Mesmo sem estrelas como Dele Alli e Harry Kane, Marco Reus e Paco Alcácer, o espectáculo não defraudou as expectativas. Lloris e Burki brilharam nas respectivas balizas, mas a entrada em falso do Borussia, líder da Bundesliga, na segunda parte fez pender a vitória para a equipa de Pochettino. O internacional português Raphael Guerreiro entrou aos 88’, já com o resultado feito.