Filmes da idade do ouro com música em palco

O ciclo Invicta.Música.Filmes oferece cinco cine-concertos na Casa da Música, com obras de Chaplin, Keaton, Buñuel e Bill Morrison em destaque.

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A Quimera do Ouro, de Charles Chaplin DR
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L'Âge d'Or, de Luis Buñuel DR
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Charlot na Rua da Paz, de Charles Chaplin DR
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Uma Semana, de Buster Keaton DR
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Bill Morrison DR
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Cartão para a sessão Mundo Animado DR
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Cartão para a sessão Mundo Animado DR
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Cartão para a sessão Mundo Animado DR

Dois clássicos da história do cinema –​ um deles por demais conhecido, outro que permanece ainda algo secreto, escondido na nebulosa da polémica causada ao tempo da estreia – marcam o calendário da 7.ª edição do ciclo Invicta.Música.Filmes, que a Casa da Música apresenta entre este domingo e 19 de Fevereiro num programa distribuído por cinco sessões de cine-concertos abertos a todos os públicos.

Os filmes em causa são A Quimera do Ouro (The Gold Rush, 1925), de Charles Chaplin, e L’Âge d’Or (A Idade de Ouro, 1930), de Luis Buñuel, que nunca teve distribuição comercial em Portugal, onde, de resto, só chegou em 1982. Mas haverá também oportunidade para visionar uma curta do mesmo Chaplin, Charlot na Rua da Paz (Easy Street, 1917), e outra do seu companheiro/concorrente  Buster Keaton, Uma Semana (One Week, 1920), além de produções contemporâneas, como Shelter (2005), com imagens de Bill Morrison, e ainda bandas sonoras de outros filmes.

A Quimera do Ouro é ouro do mais fino quilate na filmografia de Chaplin, e de toda a história do cinema. É o filme que o próprio realizador-actor considerava o seu preferido, e para o qual compôs a música que passou a acompanhar a sua exibição a partir de 1942. A aventura de Charlot na corrida ao ouro na paisagem gelada do Alasca será musicada – na Sala Suggia, dia 16, às 18h00 – com a actuação da Orquestra Sinfónica do Porto, dirigida pelo maestro norte-americano Jayce Ogren, a partir dos arranjos feitos por Timothy Brock para a música de Chaplin.

Ogren regressa assim ao mesmo palco onde, em Fevereiro de 2017, já conduzira a orquestra portuense com outra obra-prima do cineasta, Luzes da Cidade.

Na tarde do dia 16 (Sala 2, 16h00), na sessão anterior à de A Quimera do Ouro, vai ser possível ver outra pérola de Chaplin, e também uma curta de Buster Keaton: os já referidos Charlot na Rua da Paz e Uma Semana serão exibidos na sessão Mundo Animado, promovida pelo serviço educativo da Casa, com António Serginho, Óscar Rodrigues e Pedro “Peixe” Cardoso a recriarem o ambiente das sessões do tempo do mudo – que não esquece, sequer, a recuperação dos cartões que preenchiam os intervalos e interrupções na exibição das fitas.

Um filme-manifesto surrealista

Ainda da idade de ouro do cinematógrafo é L’Âge d’Or, o filme-manifesto com que Luis Buñuel se associou ao movimento surrealista, usando mesmo como figurantes alguns dos seus protagonistas, como Max Ernst, Paul Éluard e Josep Llorens Artigas, ao lado da jovem actriz alemã Lya Lys.

L’Âge d’Or sucedeu a outra das primeiras obras do cineasta espanhol que já fizera escândalo, Un Chien Andalou (1929), e transporta para o ecrã a atracção que Buñuel também nutria pela obra do Marquês de Sade. A estreia realizou-se no Studio 28, em Paris, em 1930, numa sessão que redundou em pateada e em polémica: depois de apenas 13 dias em cartaz, o filme acabou proibido em França até… 1980.

A primeira banda sonora para L’Âge d’Or foi criada pelo próprio Buñuel, montando trechos de Mozart, Beethoven, Wagner, Mendelssohn, Debussy e Georges van Parys. Mas, em 2002, o argentino Martin Matalon compôs uma nova banda musical para o filme, Le Scorpion – uma referência à sequência inicial marcada por esses bichos “amigos da escuridão” –, uma peça para percussão, piano e electrónica, na sequência de uma encomenda do IRCAM (Institut de Recherche et Coordination Acoustique/Musique) de Paris e do grupo Percussions de Strasbourg.

António Jorge Pacheco, director artístico da Casa da Música, recorda que a música do compositor argentino já tinha sido interpretada na Sala Suggia pelo Remix Ensemble, em cine-concertos com Un Chien Andalou e com outro clássico da história do cinema, Metropolis (1927), de Fritz Lang, respectivamente em 2013 e 2009. Agora (dia 12, 19h30), Le Scorpion vai ser tocado pelo Drumming – Grupo de Percussão, dirigido por Miquel Bernat.

O responsável pela programação da Casa chama ainda a atenção para a sessão que encerra Invicta.Música.Filmes (dia 19, 19h30), com um espectáculo que, desta vez, será mesmo a repetição de um programa já apresentado no Porto em Fevereiro de 2015. Trata-se de Shelter, com música do agrupamento nova-iorquino Bang on a Can (David Lang, Michael Gordon e Julia Wolfe) e filmes de Bill Morrison, de novo com o maestro norte-americano Bradley Lubman a dirigir o Remix. “Quisemos repetir esta experiência porque achamos que, da primeira vez, não conseguimos chegar ao público que teríamos gostado”, diz António Jorge Pacheco, classificando a música dos Bang on a Can como “uma espécie de rock de vanguarda contemporâneo, tocado por um grupo de música contemporânea”.

Shelter é uma oratória construída sobre imagens do realizador norte-americano Bill Morrison – cuja obra esteve “em foco” no festival Curtas Vila do Conde, em 2013. Sobre este documentário não convencional que evoca o poder e a ameaça da natureza, Pacheco tem a expectativa de que, desta vez, ele chame um público que “vá além dos seguidores mais fiéis do Remix e da música contemporânea erudita”.

Como habitualmente, o ciclo Invicta.Música.Filmes conta também com a participação da Banda Sinfónica Portuguesa, que abre o programa, este domingo (Sala Suggia, 12h00), com Francisco Ferreira a dirigir um reportório de música de filmes (sem exibição), como Pirata das Caraíbas: Nos Confins do Mundo, O Barco Fantasma ou Miss Saigão.

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