Ikea vai lançar o aluguer de mobiliário

Primeira experiência começa este mês na Suíça e abre caminho à mudança do modelo de negócio do IKEA, com um modelo de subscrição de móveis.

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O mobiliário de escritório e as cozinhas são as primeiras categorias neste teste de aluguer de móveis IKEA OXana Ianin/Arquivo

A Ikea vai mexer de novo no modelo de negócio. Depois de renovar o conceito das lojas, a marca sueca de mobiliário e artigos domésticos vai testar o aluguer de mobiliário. O primeiro teste será feito na Suíça, onde os clientes poderão alugar mobiliário de escritório e armários de cozinha, em vez de comprá-los.

A informação é confirmada pela Ikea Portugal que, contactada pelo PÚBLICO, diz que "estão a ser exploradas novas soluções, em fase inicial de testes", em determinados mercados como a Suíça, que será o primeiro país a experimentar o aluguer de artigos. A filial portuguesa não esclareceu se este modelo será testado em Portugal.

"Vamos trabalhar com outros parceiros para que os nossos clientes possam alugar mobiliário. Quando o período de aluguer terminar, o cliente devolve-o e pode trocá-lo por outro artigo", explica Torbjorn Loof, líder da Inter Ikea, detentora da marca Ikea, em declarações ao jornal Financial Times. E em vez de deitar fora os artigos, estes serão devolvidos à Ikea, que poderá recuperá-los e colocá-los à venda como artigo de segunda mão, prolongando assim o ciclo de vida dos nossos produtos", acrescenta.

A experiência na Suíça será o primeiro de uma série de testes que a empresa vai realizar na esperança de lançar um serviço de subscrição para diferentes tipos de mobiliário, refere o mesmo responsável.

O mobiliário de escritório está na linha da frente desta experiência, com a Ikea a piscar o olho a clientes empresariais. Mas a empresa também equaciona a possibilidade de integrar cozinhas neste modelo. "Pode-se dizer que o aluguer é uma outra forma de financiar uma cozinha. Quando este modelo circular estiver em marcha, teremos um interesse que vai além da venda de um produto e que também incide em saber o que acontece a esse produto e como é que o consumidor trata dele", diz Torbjorn Loof.

Apostando num portefólio de produtos altamente normalizados – o que torna o preço competitivo –, a Ikea ganhou fama porque essa normalização não impede os clientes de personalizarem os ambientes, dentro de um leque pré-determinado de opções, visto que são eles mesmo quem monta o produto final em casa. Acontece que, com este modelo de aluguer, sublinha Torbjorn Loof, o poder do cliente para mudar e ajustar os ambientes domésticos aumenta.

O CEO da Inter Ikea enquadra esta iniciativa no esforço da empresa em integrar o negócio na economia circular, segundo um modelo em que além de vender artigos também passa a reaproveitá-los para novos usos e novos artigos. 

Em Portugal, a lógica da economia circular entrou no negócio da Ikea através do projecto "Segunda Vida", lançado por cá em 2017. Esta iniciativa ajuda clientes a "darem uma nova vida aos produtos de mobiliário e decoração de que já não precisam", explica a filial lusa da marca. Na mesma lógica, as lojas contam com as secções de oportunidades, onde vende "produtos recuperados que foram danificados no transporte, devolvidos pelo cliente porque mudou de opinião ou que tinham sido utilizados nas lojas para ambientes de inspiração".

No passado recente, a marca sueca já tinha dado outros sinais de que está a rever o modelo de negócio, com mudanças nas lojas. Além das tradicionais grandes lojas nas periferias urbanas, a Ikea começou a apostar em lojas mais pequenas em zonas mais centrais e também nas chamadas lojas pop up dedicadas a categorias específicas de produtos, como cozinhas e quartos.

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