McDonald's pede desculpa na China por ter identificado Taiwan como país num anúncio
"Sempre apoiaremos a política de 'Uma só China', e continuaremos a defender a soberania territorial do país", escreveu a empresa num pedido de desculpas.
A cadeia de hambúrgueres norte-americana McDonald's pediu desculpa pelo seu mais recente anúncio publicitário, criticado por internautas chineses por identificar Taiwan como um país, em mais uma disputa com uma multinacional devido ao estatuto da ilha.
Num anúncio exibido em Taiwan pela primeira vez a 6 de Janeiro, um clipe de dois segundos mostra um cartão de identificação de um estudante, no qual Taiwan é classificado como o seu país.
A imagem foi rapidamente denunciada nas redes sociais chinesas."A nacionalidade deveria ser China! O que é Taiwan? Uma província. Por favor, ponham-se no vosso lugar", lê-se num comentário no WeChat, o Whatsapp chinês. "O McDonald's difundiu isto claramente para 1,3 mil milhões de chineses verem. Qual é o significado? Apoiar a independência de Taiwan?", questionou outro internauta.
Esta semana, a empresa divulgou um pedido de desculpas no Weibo, o Twitter chinês, afirmando que o anúncio foi feito por uma agência taiwanesa e que foi já retirado.
"A agência de publicidade não fez verificações rigorosas sobre as cenas e isso causou um mal-entendido, que lamentamos profundamente", diz o pedido de desculpas. "Sempre apoiaremos a política de 'Uma só China', e continuaremos a defender a soberania territorial do país".
O princípio 'Uma só China' é o consenso estabelecido entre Pequim e Taiwan, mas com que Pequim garante que Taiwan é parte do seu território. Porém, cada lado faz a sua própria interpretação desse princípio.
Pequim considera Taiwan uma província chinesa e defende a "reunificação pacífica" do território, mas já ameaçou "usar a força" caso a ilha declare a independência.
Já Taiwan, a ilha onde se refugiou o governo nacionalista chinês de Chiang kai-shek depois de o Partido Comunista (PCC) tomar o poder no continente, em 1949, assume-se como República da China.
No ano passado, dezenas de companhias áreas passaram a referir-se a Taiwan como parte da República Popular da China, cumprindo com as exigências de Pequim. British Airways, Lufthansa e Air Canada foram algumas das companhias que passaram a referir nos destinos Taiwan-China.
A adopção de "Taiwan, China" ou "Taiwan, República Popular da China" nos portais electrónicos e mapas das companhias aéreas representa outra vitória nos esforços do Partido Comunista Chinês em forçar empresas estrangeiras a aderir à sua visão geopolítica, mesmo em operações fora do país.
Também a japonesa Muji e a espanhola Zara foram alvo de críticas de Pequim por identificaram Taiwan como país nas suas etiquetas ou portais electrónicos.