China confirma crescimento de 6,6%, o mais baixo desde 1990
Economia chinesa continua a desacelerar. As taxas dos EUA ainda não fizeram mossa, mas o clima de guerra comercial baixou confiança. Consumo e investimento ressentiram-se.
O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 6,6% em 2018, face a 2017, segundo os números divulgados nesta segunda-feira pelo Gabinete Nacional de Estatísticas.
Era um valor já esperado, que traduz uma desaceleração do crescimento da economia chinesa, que ainda não sentiu os efeitos das taxas alfandegárias dos EUA. Ainda assim, reflectiu-se no ritmo de crescimento do consumo interno e do investimento, devido à falta de confiança gerada pelo clima de guerra comercial que dominou as relações entre Pequim e Washington em 2018.
O valor agora confirmado fica 0,2 pontos percentuais abaixo do crescimento do PIB em 2017. E está mais ou menos em linha com as previsões e metas do governo chinês (que apontava para um crescimento de 6,5%) e representa o menor crescimento da economia desde 1990 – ano em que a China cresceu "apenas" 3,7%, num ano em que estava a braços com sanções internacionais devido à sangrenta repressão do movimento de Tiananmen, em 1989.
Em termos nominais, o PIB chinês ascendeu a 90,03 biliões (milhões de milhões) de yuans (11 biliões de euros). Mais de metade veio do sector dos serviços, com a procura interna e o consumo interno a serem os principais motores da economia, já que contribuíram com 76,2% do crescimento económico. O comércio a retalho, por sua vez, cresceu 9%.
Pelo contrário, o investimento em activo fixo registou uma desaceleração: cresceu 5,9%, face a 7,2 em 2017. O que revela também outra parte da história da transformação da economia chinesa que Pequim tem tentado fazer. Ao refrear o estímulo da dívida e restringir o acesso ao crédito, o governo ajudou à queda no investimento em infra-estruturas. A produção industrial também caiu ligeiramente (0,4 pp), crescendo 6,2% em 2018.
Ainda que a taxa de crescimento da China fique muito acima das taxas verificadas na Europa, por exemplo, a desaceleração que Pequim tem vindo a confirmar desde 2011 é vista com preocupação pelo resto do mundo. A China sozinha representou cerca de 30% do crescimento económico mundial em 2017, o que diz bem do peso da segunda maior economia mundial.
Pequim prometeu baixar impostos – o que pode ajudar a manter a procura interna em ebulição e ajudar à criação de emprego, que se manteve forte em 2018, com 13 milhões de postos de trabalho criados nas zonas urbanas. Mas a generalidade dos analistas que nesta manhã são citados apontam para um contexto internacional mais complicado em 2019.