Mota Pinto adverte que conduta de Montenegro será julgada
Para o presidente da mesa do congresso do PSD, "toda a acção política democrática se dirige a um julgamento".
O antigo vice-presidente do PSD e actual presidente da mesa do congresso, Paulo Mota Pinto, considerou nesta segunda-feira inoportuna a crise interna no PSD aberta por Luís Montenegro e advertiu que essa conduta não escapará ao julgamento dos militantes, nem à percepção democrática dos eleitores.
Estes avisos foram deixados por Paulo Mota Pinto em declarações à agência Lusa, depois de questionado sobre como encara a iniciativa do antigo líder parlamentar social-democrata Luís Montenegro, anunciada na sexta-feira, no sentido de desafiar Rui Rio a disputar com ele a liderança do partido.
"Verificou-se nos últimos dias uma tentativa de corte no ciclo democrático em curso no PSD há um ano, que resultou da eleição directa do líder e do congresso de Fevereiro de 2018. Isto, num momento em que é cada vez mais clara a fragilidade crescente do governo socialista apoiado pela extrema-esquerda e a contraposição de propostas formuladas pelo PSD", afirmou Paulo Mota Pinto.
Ainda sobre a actual situação interna no seu partido, Paulo Mota Pinto adiantou que, na sua perspectiva, "toda a acção política democrática se dirige a um julgamento".
"Pressupõe programação, sentido da responsabilidade, estabilidade e tempo, tanto no Estado como nos partidos. Considero muito inconveniente interromper neste momento esse ciclo normal e impedir o balanço dos mandatos no tempo em que é devido", disse.
Mas o antigo vice-presidente social-democrata na liderança de Manuel Ferreira Leite vai ainda mais longe na sua crítica à iniciativa de Luís Montenegro: "Acresce que se trata de uma tentativa de interrupção já em período de preparação de eleições, o que acentua ainda mais a sua inoportunidade e não escapa também certamente ao julgamento dos militantes e à percepção democrática dos eleitores", frisou.
Na sexta-feira, o antigo líder parlamentar do PSD Luís Montenegro manifestou disponibilidade para se candidatar à liderança e desafiou Rui Rio, que completou no domingo um ano de mandato, a convocar eleições directas antecipadas de imediato.
"A minha resposta é não", afirmou no sábado Rui Rio, em relação ao repto de convocar eleições, anunciando, por outro lado, que pediu a convocação de um Conselho Nacional extraordinário para que o órgão aprecie e vote uma moção de confiança à sua direcção.
"Se for esse o seu entendimento, o Conselho [Nacional] pode retirar a confiança à direcção nacional e assumir democraticamente a responsabilidade de a demitir. Se os contestatários não conseguiram reunir as assinaturas para a apresentação de uma moção de censura, eu próprio facilito-lhes a vida e apresento [...] uma moção de confiança", acrescentou o presidente do PSD.