Santana e Cristas querem uma espécie de "geringonça" à direita

Ex-líder social-democrata foi à Convenção Europa e Liberdade propor uma coligação pós-eleitoral para derrotar a esquerda. Assunção Cristas já disse que sim.

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Santana Lopes não quis falar da crise no PSD LUSA/ANTÓNIO COTRIM

Pedro Santana Lopes, fundador da Aliança e ex-líder do PSD, desafiou os partidos que não apoiam o executivo socialista a formar um "acordo pós-legislativas" que derrote António Costa e viabilize um novo Governo. A ideia de uma "grande aliança", ou uma espécie de "geringonça" de direita, já obteve o acordo da líder do CDS, Assunção Cristas.

"Neste ano eleitoral não podemos ignorar a realidade. Temos de derrotar a frente de esquerda e o Governo de António Costa", afirmou Santana na sua intervenção na primeira Convenção da Europa e da Liberdade, organizada pelo Movimento Europa e Liberdade (MEL). Para o concretizar, a "Aliança quer apresentar uma proposta simples, que os partidos que não estão envolvidos nessa solução inédita e de efeitos conhecidos no nosso país, admitam a constituição de uma grande aliança, um grande movimento de crescimento, liberdade e progresso".

Neste movimento de direita "devem estar os partidos mais tradicionais já existentes, os que já se constituíram e aqueles que estão, por ventura prometidos nascer", apontou, referindo-se indirectamente ao anunciado partido Chega, de André Ventura.

Para Santana Lopes, existiriam duas possibilidades, uma "coligação pré-eleitoral com base nos resultados das europeias", ou uma "coligação pós-eleitoral, com base nos resultados das eleições legislativas". A primeira "não recolhe a preferência da Aliança", destacou, apontando que, na sua opinião, também "não é viável no actual quadro por razões que parecem óbvias".

"A opção que admitimos, ou seja, a de um acordo pós-legislativas pressupõe naturalmente o que parece muito difícil hoje em dia, mas que tem o nosso empenho. Que as forças do centro-direita assumam a vontade e o propósito de viabilizarem conjuntamente a formação de um Governo patriótico, que inicie um novo ciclo político, económico e social", assinalou.

Cristas aceita desafio

Mais tarde, a líder centrista Assunção Cristas corroborou a ideia, considerando que "mais importante" do que ficar em primeiro lugar nas próximas legislativas é conseguir uma maioria de 116 deputados que viabilize um Governo. "Neste momento, mais importante do que discutir quem é que fica em primeiro lugar nas eleições, e por essa razão passará a ser primeiro-ministro, ou primeira-ministra, é preciso discutir quem é que consegue juntar 116 deputados no parlamento, que em princípio virão de mais do que um partido", disse aos jornalistas à margem da convenção.

"O CDS tem sido muito claro dizendo que o espaço onde se revê é no espaço político de centro-direita. O que significa que, depois das eleições, naturalmente, assim o espero, se for possível juntarmos 116 deputados no espaço político centro-direita, com certeza que teremos todas as condições para governar o país e para conversarmos no sentido dessa governação", afirmou.

Tal como Santana Lopes, a líder do CDS recusou comentar a crise de liderança do PSD, considerando que "não seria elegante", e sublinhou que o seu foco está no partido que lidera. "Não faço rigorosamente nenhum comentário, não posso, não devo e não quero, sobre o que se passa noutros partidos, nomeadamente naquele que tem sido mais falado", dissera o fundador da Aliança, dizendo que este partido “tem o seu caminho” e “causas muito próprias que não se confundem com as de outros".

(Actualizada às 15h49, juntando as declarações de Assunção Cristas)