Treinadores querem melhor calendarização de jogos na próxima época

Os técnicos da I Liga que estiveram reunidos esta terça-feira na Cidade do Futebol consideraram, de forma unânime, que se deve apostar em mais jogos no arranque de cada temporada.

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Os treinadores e os adjuntos da I Liga presentes numa foto para a posteridade partilhada pela FPF FPF

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) recebeu, esta terça-feira, 15 treinadores da I Liga para debater a calendarização de partidas e o tempo útil dos jogos numa reunião fechada à imprensa. No final dos trabalhos, o director técnico da FPF José Couceiro fez o balanço de uma reunião “proveitosa” em que foram abordados temas diversos como o “volume de jogos” e o tempo útil de jogo nas partidas do principal escalão profissional da modalidade em Portugal.

“Os treinadores da I Liga entenderam como essa carga é distribuída, mas consideraram que deve ser feita de forma diferente, especialmente no período intermédio da época”, que se vive durante estes meses.

“A recomendação que os treinadores deixaram para ter em consideração na próxima calendarização é que aconteçam mais jogos no início da época”, frisou José Couceiro, destacando que se tem de “procurar o melhor para os jogadores [evitando lesões], porque são eles que vão fazer com que a qualidade do nosso futebol seja melhor”. Este foi o ponto mais crucial da reunião, admitiu o dirigente da FPF.

“Somos uma das ligas europeias que não tem nenhum break [pausa de jogos a meio de uma temporada, como a Alemanha tem nos meses de Inverno, por exemplo] e os treinadores entenderam que é preferível ter uma carga de jogos maior no início da época e com menos jogos concentrados nesta altura. É bem possível distribuir os jogos de forma diferente”, explicou Couceiro.

Ainda antes do representante da federação falar, o treinador do Santa Clara, João Henriques, tocou no tópico da calendarização de jogos, nomeadamente quando isso afecta os maiores clubes nacionais. “Respeitamos quem representa o nosso país nas competições europeias, mas temos muito tempo sem competir no início da época, entre três a quatro semanas”, disse à saída da Cidade do Futebol. Mais tarde, Couceiro disse ao PÚBLICO que “todos os clubes estão preocupados, apesar de haver preocupações e objectivos diferentes”, confessando que existirão mais reuniões nas próximas semanas.

O director técnico da FPF afirmou ainda que o baixo tempo útil de jogo jogado em Portugal, revelado pelo Observatório do Futebol, também foi um tópico debatido entre os treinadores. “Abordámos soluções e há uma série de aspectos que foram debatidos”, mas “não há exigência nenhuma”, sendo que foi feita “uma análise ao actual quadro”. “Há problemas culturais, questões a nível de relvado, que ainda têm de ser aprofundadas”, frisou.

O Mundial 2022, no Qatar, vai decorrer no Inverno, a partir do mês de Novembro. Ao PÚBLICO, José Couceiro considerou que esta questão não vai afectar a prática de novas ideias que possam surgir junto dos treinadores. “Não tem a ver com uma época só, essas questões são mais estruturais, há problemas diversos e é impossível encontrar a solução ideal. Mas é possível chegarmos mais perto do que é o melhor. Não é a questão do Mundial, é de toda uma estrutura para o futebol", disse.

Benfica e Vitória de Guimarães foram representados pelos seus treinadores adjuntos. Rodolfo Correia, adjunto do Sporting, acompanhou Marcel Keizer, o único técnico estrangeiro actualmente na I Liga. De resto, todos os treinadores principais estiveram presentes. Apenas os treinadores de Rio Ave, Marítimo e Desp. Chaves, respectivamente Daniel Ramos, Petit e Tiago Fernandes, não compareceram a este encontro.

Antes, o técnico do FC Porto, Sérgio Conceição, que esteve nesta reunião - mas não falou aos jornalistas – já tinha afirmado que a "questão [da calendarização e tempo útil de jogos] é interessante". "Quem é que decide estes horários? O poder de decisão é da operadora”, salientou o técnico após a vitória portista por 3-1 frente ao Nacional da Madeira, dando como exemplo o que a sua equipa está a passar.

"O jogo com o Sporting estava marcado para sexta-feira (dia 11). Na terça jogamos com o Leixões e na sexta com o Desp. Chaves. [Esta proposta] Não foi aceite. O Sporting joga quarta-feira em casa do Feirense e tinha a ganhar, mas não permitiram. Vamos ter 12 jogos até à Liga dos Campeões, a Roma vai fazer sete. Estamos a proteger a equipa que está na Liga dos Campeões? Das quatro equipas que vão estar nas meias-finais da Taça da Liga, somos a que menos vai descansar entre os jogos", explicou.

Já o presidente do Sporting de Braga também tinha falado sobre a calendarização dos jogos, mais concretamente os horários dos apitos iniciais que são, tendencialmente, ao fim da tarde e à noite. António Salvador culpou esta segunda-feira as transmissões televisivas, que “não defendem o espectáculo”. “Somos o campeonato na Europa com mais jogos à noite, horários que não defendem o espectáculo para os adeptos. Não é ao domingo à noite, quando as pessoas têm que trabalhar no dia seguinte, que podem vir ao estádio”, denunciou.

Liga de Clubes não esteve presente

O presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol, José Pereira, também esteve presente, ao contrário da Liga de Clubes, por se tratar de uma “reunião técnica”, disse a FPF em reacção ao facto de Pedro Proença ter estado à mesma hora na Cidade de Futebol, mas não ter comparecido à reunião com os técnicos.

Questionado pela ausência desse organismo, Couceiro limitou-se a garantir que todas as informações serão transmitidas à Liga, com quem “a relação é boa”, e à restante federação, mas escusou-se a explicar os motivos da ausência - a Liga de Clubes é o órgão que coordena e anuncia a calendarização dos jogos da I Liga e da Taça da Liga. A FPF está responsável pela Taça de Portugal, Liga Revelação (sub-23) e tutela competições semi-profissionais, como o campeonato nacional de seniores.

Taça de Portugal continua agendada para dia de eleições europeias

O Governo e a Federação Portuguesa de Futebol continuam a ponderar a data da final da Taça de Portugal no Estádio Nacional, no Jamor. A partida está prevista para o dia 26 de Maio, altura em que o país vai a votos para as eleições europeias.

Fonte oficial da FPF reforçou ao PÚBLICO que o organismo continua disponível para resolver a situação logo quando forem conhecidos os finalistas da prova. No entanto, o Expresso destacou que o Governo desconhecia a realização dessa partida quando fez o agendamento da ida às urnas. Ainda assim, a FPF informou – a 4 de Maio do ano passado – qual seria o calendário da época desportiva que decorre, ou seja, antes do anúncio da data das eleições europeias.

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