Stop: ou administração faz obras ou Câmara do Porto pode comprar edifício

Rui Moreira e administração do Stop vão reunir-se no dia 19 para discutir o futuro do centro comercial que funciona como sala de ensaio de centenas de artistas. Situação actual não se pode manter, avisou o presidente da autarquia

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Centro Comercial Stop fica na Rua do Heroísmo e funciona como sala de ensaio de centenas de artistas Paulo Pimenta

A Câmara do Porto poderá vir a comprar o antigo centro comercial Stop, se os actuais proprietários não tiverem condições para efectuar as obras necessárias e se mostrarem interessados em alienar o edifício na Rua do Heroísmo. Estas são as duas possíveis soluções que o município pretende analisar com a administração do prédio que acolhe vários projectos musicais, numa reunião agendada para a próxima semana, no dia 19, revelou o presidente da autarquia, Rui Moreira, na reunião do executivo desta terça-feira.

Moreira respondia às perguntas da vereadora socialista Maria João Castro, que procurou obter “informação mais concreta” sobre o que está a ser pensado para aquele espaço. “O centro comercial representa uma situação grave de segurança. Não tem as mínimas condições. Se houver um incêndio corremos o risco de ter uma tragédia nas nossas mãos, porque não tem sequer uma saída de emergência”, disse.

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Centro comercial abriu nos anos 80 Luís Efigénio

O presidente da câmara confirmou que a questão de segurança é uma das que levou o município a interferir num local privado e com um projecto informal que, garantiu Moreira, a câmara “vê com grande entusiasmo” e “gostaria que permanecesse assim”. Só que, a juntarem-se aos problemas de segurança, há ainda as queixas dos moradores, relacionadas com o ruído proveniente do Stop e que, depois de anos sem resposta, terão levado os vizinhos do espaço a avançar com uma participação ao Ministério Público, referiu o autarca. “Gostando daquilo, a câmara não pode fechar os olhos ao perigo que lá vai e ao incómodo dos vizinhos”, disse.

Para tentar encontrar uma solução que permita a continuidade do actual projecto no local, a autarquia agendou uma reunião com a administração do centro comercial detido por “cerca de 140 pessoas”, segundo Maria João Castro. Rui Moreira diz que estão em cima da mesa, para esse encontro, duas hipóteses: “Pretendemos fazer algo a dois níveis – verificar até que ponto, não podendo o município interferir num espaço privado, os privados têm condições para fazer obra para que o espaço funcione legalmente, à semelhança do que foi feito com o [centro comercial] Dallas; ou ver se estão interessados em alienar o edifício e se faz sentido adquiri-lo, fazendo obras pertinentes, para que ali as coisas que hoje ocorrem, aconteçam com condições de segurança”.

Esta segunda hipótese poderá ser de difícil concretização, dado o elevado número de proprietários do espaço, alguns dos quais, segundo Maria João Castro, “nem se sabe onde estão”. Carlos Freira, da administração do Stop, duvida da exequibilidade desta ideia precisamente pelo argumento apresentado pela vereadora socialista. “Se a câmara decidir comprar, quanto tempo vai demorar até encontrar todos os proprietários?”, questionou, sublinhando que basta a oposição de um senhorio para o processo cair por terra.

 Se a segunda opção parece pouco viável a Carlos Freire, a primeira precisaria de um autêntico milagre nas contas do Stop para ser concretizada: “Não temos hipótese de levar a cabo as obras tal e qual como foram exigidas”, admitiu.

Os 500 a 600 artistas que gravitam à volta do Stop continuam preocupados com o imbróglio. Na passada segunda-feira, num encontro “exclusivo para inquilinos”, partilharam informações sobre o caso, tentando encontrar a “união” entre os arrendatários, escreveram no comunicado onde informavam os jornalistas de que a reunião decorreria à porta fechada.

Para Rui Moreira a resposta ideal seria outra. “Um edifício como o AXA, que tinha condições e era um espaço informal”, disse, em referência ao imóvel na Avenida dos Aliados onde funcionou durante alguns anos um projecto cultural, mas que está actualmente a ser transformado num hotel. Mas logo de seguida, acompanhado por outros membros da vereação, recusou a possibilidade apresentada pela vereadora da CDU, Ilda Figueiredo, de encontrar um outro local para instalar os projectos instalados no Stop. “Eles não querem sair de lá”, garantiu Rui Moreira. Com Mariana Correia Pinto

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