Gás lacrimogéneo contra os "coletes" em Bruxelas
O movimento tinha anunciado um "protesto europeu" e a segurança no quarteirão da UE foi apertada.
Uma manifestação de “coletes amarelos” em Bruxelas, a capital belga, que juntou de forma pacífica vários milhares de pessoas, degenerou em distúrbios ao início da noite de sábado junto à praça da câmara municipal, onde foram lançados cocktails Molotov.
Alguns manifestantes enfrentaram a polícia, com outros “coletes” a tentarem dissuadi-los, relatou a agência AFP. O acesso à câmara, onde houve confrontos quando eclodiu a primeira manifestação de “coletes” na Bélgica, no final do mês passado, estava protegido por veículos da polícia. Um grupo incendiou barricadas e a polícia disparou granadas de gás lacrimogéneo.
Cerca de 300 pessoas foram detidas neste protesto inspirado pelo movimento francês contra o aumento de impostos e pela recuperação do poder de compra.
Segundo a agência Reuters, os manifestantes destruíram dois veículos da polícia ao tentarem furar bloqueio na praça da câmara municipal.
Durante três horas, a multidão protestou contra o preço dos combustíveis e pela perda de poder de compra.
O primeiro-ministro belga, Charles Michel, publicou no Twitter: “A violência inaceitável não ficará impune. Os que vieram destruir devem ser punidos”. A coligação de centro-direita no poder na Bélgica enfrenta eleições legislativas em Maio e o primeiro-ministro tem-se mostrado sensível às reivindicações dos manifestantes. Mas agora Michel acrescentou: “O dinheiro não cai do céu”.
A segurança foi reforçada na capital belga também no chamado “quarteirão da União Europeia”.
A maior parte das detenções ocorreram durante controlos nas estações ferroviárias de Midi e Gare Central — o ponto de chegada para manifestantes de fora de Bruxelas.
Os protestos na Bélgica foram convocados nas redes sociais e mencionavam um “protesto europeu” na rotunda de Schuman. A polícia não conseguiu estabelecer canais de comunicação com os organizadores da concentração, pelo que decidiu montar fortes dispositivos de segurança em vários pontos da cidade.
À volta da rotunda de Schuman situam-se as sedes da Comissão Europeia e do Conselho Europeu — ali foram montadas barreiras com arame farpado a polícia a “filtrar” todas as pessoas, incluindo residentes, que queiram entrar no alargado perímetro de segurança, pedindo-lhes identificação e revistando-as, verificou a agência Lusa no local.
Este novo protesto dos “coletes amarelos” na capital da Bélgica e da União Europeia não foi autorizada, até porque não chegou qualquer pedido formal para a sua realização. A decisão de reforçar a segurança deveu-se ao facto de estar a haver protestos nas zonas de fronteira com a França e de ter havido violência no final de Novembro. O governo da cidade decidiu duplicar o número de efectivos nas ruas, tendo mobilizado 840 polícias anti-motim, cerca de cem polícias à paisana, todos os canhões de água disponíveis e a cavalaria.