Ministra da Saúde surpreendida com aprovação de vacinas pelo Parlamento

"A Comissão Nacional de Vacinação não tinha concluído pela necessidade da universalização" das vacinas para o rotavírus e para a meningite B, declarou a governante.

Foto
NFACTOS/Pedro Granadeiro

A ministra da Saúde manifestou surpresa pela aprovação pelo Parlamento de três novas vacinas para o Programa Nacional de Vacinação. Essa inclusão, disse, não havia sido preconizada pela Direcção-Geral da Saúde (DGS).

"Estamos a avaliar também o sentido em que a redacção da norma em última instância vai sair", afirmou, acrescentando que "estão em causa três vacinas, uma [para o] rotavírus, outra para a meningite B e uma última de HPV para os rapazes". "De facto, relativamente às duas primeiras, a Comissão Nacional de Vacinação não tinha concluído pela necessidade da sua universalização", declarou.

A Ordem dos Médicos (OM) considerou um erro que o Parlamento tenha aprovado a integração de três novas vacinas no Programa Nacional de Vacinação (PNV) sem ouvir a Direcção-Geral da Saúde, que está ainda estudar o assunto.

O bastonário da OM, Miguel Guimarães, disse à Lusa que vê "com muita preocupação" o facto de os deputados "estarem a interferir nas boas práticas em saúde", sobretudo quando existe uma comissão técnica independente, de "pessoas com conhecimento científico específico na área da vacinação" que está a estudar se as três vacinas devem integrar o Programa Nacional de Vacinação.

Em causa está a integração no PNV das vacinas da meningite B, do rotavírus e do HPV para os rapazes que foi aprovada na terça-feira na votação na especialidade do Orçamento do Estado para 2019.

"Acho que é uma má decisão da Assembleia da República por ser feita sem ouvir a DGS e é uma falta de respeito pelos profissionais de saúde e pela própria DGS", afirmou o bastonário dos Médicos. "É um erro que importa corrigir", sublinhou, argumentando que "é fundamental que todas as vacinas do PNV tenham uma análise e um acordo baseado na evidência científica".

A primeira proposta votada na quarta-feira para o alargamento do PNV foi a do PCP, aprovada pelos proponentes, PSD e BE, os votos contra do PS e a abstenção do CDS-PP.

O BE também apresentou uma proposta para a inclusão das vacinas para a meningite B e para o rotavírus e alargando às pessoas do sexo masculino a administração da vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV).

A proposta do PEV pretendia o alargamento da vacina contra o HPV a rapazes.