Ordem dos Médicos diz que Parlamento errou ao aprovar vacinas sem ouvir DGS

Em causa está a integração no programa nacional das vacinas da meningite B, do rotavírus e do vírus do papiloma humano para os rapazes que foi aprovada na terça-feira na especialidade do Orçamento do Estado.

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Rui Gaudencio

A Ordem dos Médicos (OM) considera um erro que o Parlamento tenha aprovado a integração de três novas vacinas no Programa Nacional de Vacinação (PNV) sem ouvir a Direcção-geral da Saúde, que está ainda a estudar o assunto.

O bastonário da OM, Miguel Guimarães, disse à Lusa que vê “com muita preocupação” o facto de os deputados “estarem a interferir nas boas práticas em saúde”, sobretudo quando existe uma comissão técnica independente, de “pessoas com conhecimento científico específico na área da vacinação”, que está a estudar se as três vacinas devem integrar o Programa Nacional de Vacinação.

Em causa está a integração no PNV das vacinas da meningite B, do rotavírus e do vírus do papiloma humano (HPV) para os rapazes que foi aprovada na terça-feira na especialidade do Orçamento do Estado.

“Acho que é uma má decisão da Assembleia da República por ser feita sem ouvir a Direcção-Geral da Saúde e é uma falta de respeito pelos profissionais de saúde e pela própria Direcção-Geral da Saúde”, afirmou o bastonário dos médicos. “É um erro que importa corrigir”, sublinhou, argumentando que “é fundamental que todas as vacinas do PNV tenham uma análise e um acordo baseado na evidência científica”.

Em Agosto, numa entrevista ao PÚBLICO, a directora-geral da Saúde adiantou que a comissão técnica de vacinação estava a estudar a integração e o alargamento das vacinas da meningite B (desde 2016 que esta vacina é dada de forma gratuita através do Programa Nacional de Vacinação a crianças com problemas graves de saúde) e do HPV aos rapazes. Está previsto que a comissão técnica de vacinação reúna na próxima semana.

A primeira proposta votada na quarta-feira para o alargamento do PNV foi a do PCP, aprovada pelos proponentes, PSD e BE, os votos contra do PS e a abstenção do CDS-PP. O BE também apresentou uma proposta para a inclusão das vacinas para a meningite B e para o rotavírus e alargando às pessoas do sexo masculino a administração da vacina contra o HPV. Já a proposta do PEV pretendia o alargamento da vacina contra o HPV a rapazes.