CDS faz perguntas ao Governo sobre falta de anestesistas no Garcia de Orta
Os deputados centristas pretendem que a nova ministra da Saúde confirme se falta capacidade para fazer cirurgias programadas, por falta de anestesistas, no Hospital Garcia de Orta.
O CDS-PP questionou nesta terça-feira o Governo sobre a falta de anestesistas no Hospital Garcia de Orta, em Almada, Setúbal, e as respostas do Ministério da Saúde, "com urgência", ao problema.
Na pergunta entregue no Parlamento, os deputados centristas pretendem que a nova ministra da Saúde confirme se a cirurgia de ambulatório no hospital está fechada há dois meses e se existe "o risco de um grande número de parturientes ter que ser transferido para Lisboa".
O CDS questionou ainda se se confirma "a falta de capacidade para fazer cirurgias programadas, por falta de anestesistas, no Hospital Garcia de Orta".
"O problema arrasta-se há alguns meses e já terá levado a administração do hospital a solicitar ao Governo um regime de excepção por não conseguir atender os doentes em lista de espera", lê-se no texto da pergunta, assinado pelos deputados Nuno Magalhães, Isabel Galriça Neto e Teresa Caeiro
O documento termina a perguntar quais as medidas que, "com urgência", o Governo prevê adoptar para resolver o problema no Garcia de Orta.
Hoje, o presidente do conselho de administração do Hospital Garcia de Orta revelou que perdeu cerca de 40% dos anestesistas nos últimos anos para o sector privado, o que tem afectado as cirurgias.
"Existe uma necessidade extrema de anestesia. De facto, o hospital perdeu nos últimos anos cerca de 40% dos recursos de anestesia. Perdeu estes recursos naturalmente porque não tem capacidade de competir com o sector privado para onde eles têm transitado de forma contínua e o ritmo de formação não tem sido suficiente para fazer face a estas substituições", avançou à agência Lusa Daniel Ferro.
Segundo o responsável, a falta de recursos humanos afecta a capacidade de realizar cirurgias e o segredo tem sido a "colaboração das pessoas, que se desdobram para fazer muitas vezes o trabalho de três ou quatro".
O principal problema, de acordo com o responsável, é a falta de regulação para impedir que um hospital público-privado faça recrutamento de anestesistas dos hospitais públicos.
A unidade hospitalar avançou, neste sentido, que perdeu 13 anestesistas nos últimos anos, o "mesmo número recrutado por dois hospitais público-privados da margem norte".
"É uma situação que conseguimos aguentar por um curto período de tempo, mas não num período dilatado e o apelo que nós temos feito é no sentido de esta situação ter resolução imediata", frisou o presidente do conselho de administração.
Daniel Ferro deixou, no entanto, uma palavra de tranquilidade para a população, afirmando que "nenhuma cirurgia urgente tem sido adiada ou não feita".
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço visitou nesta terça-feira esta unidade hospitalar da margem sul para "conhecer in loco as queixas que têm surgido sobre o funcionamento da urgência e dos problemas de anestesia".
Em declarações à Lusa, o responsável referiu que a falta de anestesistas nas equipas de urgência faz com que haja "repercussão nas cirurgias electivas e em toda a produção cirúrgica de todas as especialidades que dependem da anestesia".