Cirurgias no Garcia de Orta comprometidas por falta de anestesistas
Eventual encerramento da obstetrícia implicará transferência de muitas parturientes para Lisboa
A falta de anestesistas está a comprometer a realização de cirurgias no Hospital Garcia de Orta, em Almada.
O problema “tem afectado principalmente a actividade cirúrgica programada mas também a urgência, impondo-se a tomada de medidas de excepção sob pena de rotura a curtíssimo prazo na prestação de cuidados neste serviço", explicou há pouco mais de um mês a administração da unidade de saúde ao Tribunal de Contas.
Os responsáveis do Garcia de Orta pediram ao Governo medidas de excepção para evitar a rotura, "a curtíssimo prazo", das cirurgias, nomeadamente na urgência, noticia a rádio TSF.
"Não se consegue contratar ninguém devido, também, em parte, à sobrecarga e degradação das condições de trabalho", refere a mesma resposta dada ao Tribunal de Contas no âmbito do processo sobre as falhas nas listas de espera do Serviço Nacional de Saúde. Dos 23 anestesistas que existiam em 2011, o hospital "contará a partir de Outubro com apenas 14 médicos, dos quais dois aposentados e com perspectivas de cessação a todo o tempo". Nos "outros 12, prevê-se a cessação de mais um e só três passarão a ser elegíveis para o serviço de urgência. Dos outros oito, seis podem deixar a escala a qualquer momento e cessar ou diminuir as urgências".
O hospital chegou as ter duas vagas a concurso que ficaram desertas, o que "não é animador para um hospital que no espaço de três meses perdeu cinco anestesistas, incluindo o director de serviço, ameaçando a missão e a gestão clínica do Garcia de Orta". Como consequência, "o nível de insegurança clínica aumentará ou terá que se encerrar a urgência de obstetrícia", decisão que, a ser tomada, “implicará a transferência de grande número de parturientes para Lisboa". A capacidade instalada do serviço de anestesiologia “só cobre 43% das necessidades", admitem os administradores.
Uma delegação da Ordem dos Médicos e dos sindicatos reúne-se esta terça-feira com a administração do Garcia de Orta. Fonte oficial do hospital garantiu à TSF que "as medidas propostas para resolver a situação estão a ser tomadas pela tutela" e "muito em breve começarão a ser executadas".