Moedas espera que notícias sobre José Silvano não sejam verdade
Comissário europeu diz que é importante para a democracia que os deputados tenham uma maneira de actuar que seja sempre moralmente superior.
O comissário europeu Carlos Moedas disse nesta quinta-feira esperar que aquilo que leu nos jornais sobre o caso do deputado e secretário-geral do PSD, José Silvano, não seja verdade, acrescentado esperar que o assunto seja esclarecido.
Em declarações aos jornalistas em Helsínquia, no congresso do Partido Popular Europeu (PPE), o comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação esclareceu que desconhece os contornos do caso de José Silvano, envolvido numa polémica sobre falsas presenças em plenários do Parlamento.
“Vejo com distância. Espero que aquilo que se lê não seja verdade. Acho que é importante para a democracia que os deputados tenham uma maneira de actuar que seja sempre moralmente superior, que não tenha nenhuma falta e incorrecção, mas não conheço o caso. Apenas li o que estava nas notícias. Esperemos que seja esclarecido”, vincou o militante social-democrata.
Também nesta quinta-feira, o presidente do PSD, Rui Rio, esquivou-se às perguntas sobre José Silvano, respondendo em alemão aos jornalistas no congresso do Partido Popular Europeu, em Helsínquia.
Um dia depois de vincar que as suas palavras “não são como os iogurtes, que têm validade de 30 dias”, para reiterar a confiança política no secretário-geral do PSD, Rui Rio respondeu em alemão às novas perguntas dos jornalistas sobre o caso José Silvano.
Em passo apressado, à entrada para o congresso do PPE, que termina nesta quinta-feira em Helsínquia, não cedeu aos apelos para falar em português, insistindo naquela que é a sua segunda língua.
As questões colocadas ao líder social-democrata incidiam sobre a decisão da Procuradoria-Geral da República de analisar o caso do deputado e secretário-geral do PSD, José Silvano, envolvido na polémica sobre falsas presenças em plenários do Parlamento, para decidir “se há algum procedimento a desencadear”.
“A Procuradoria-Geral da República encontra-se a analisar os elementos que têm vindo a público com vista a decidir se há algum procedimento a desencadear no âmbito das competências do Ministério Público”, referiu em resposta enviada à agência Lusa.
No sábado, o semanário Expresso noticiou que José Silvano não faltou a qualquer das 13 reuniões plenárias realizadas em Outubro, apesar de em pelo menos um dos dias ter estado ausente, mas o próprio admitiu que na tarde de 18 de Outubro tinha estado no distrito de Vila Real ao lado de Rui Rio, líder do partido, cumprindo um programa de reuniões que teve início às 15h30. Apesar disso, alguém registou a presença do secretário-geral social-democrata logo no início da sessão plenária, quando passavam poucos minutos das 15h.
Na quarta-feira, José Silvano assinou a folha de presença da Comissão Eventual para a Transparência, mas não assistiu à reunião. O parlamentar chegou à hora do início da reunião, 14h, assinou a lista de presenças e deixou a sala onde decorreu a reunião, que se prolongou até cerca das 16h, sem sequer chegar a sentar-se, e não mais voltou.
Questionado, pelas 16h30, pela Lusa e pela Sábado, nos corredores da Assembleia da República, sobre os motivos da sua ausência da reunião, Silvano disse apenas que esteve a fazer trabalho político, sem querer especificar qual. Instado a explicar como pode ter sido usada a sua senha informática para registar presenças em plenário em dias em que esteve ausente, José Silvano considerou “não ter mais nada a explicar” e disse estar “de consciência tranquila e com energia para continuar”.
Na terça-feira, o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, informou que pediu explicações aos serviços do Parlamento sobre alegadas discrepâncias nos registos de presenças do deputado José Silvano, que concluem que outra pessoa terá utilizado a sua senha.
No mesmo dia, o próprio deputado e secretário-geral do PSD rejeitou que se tenha aproveitado de dinheiros públicos, sem explicar como existe uma falsa presença sua em plenário registada no Parlamento, nem como a sua senha foi usada por terceiros.