Jornalista da CNN insultado por Trump é expulso da Casa Branca
Presidência revoga credencial de acesso de Jim Acosta após um momento de tensão durante uma conferência de imprensa.
Jim Acosta, correspondente da CNN na Casa Branca, viu esta quarta-feira ser-lhe negado o acesso à sede da Presidência norte-americana depois de, horas antes, ter sido insultado por Donald Trump durante uma conferência de imprensa.
O incidente aconteceu quando Acosta fazia uma série de perguntas sobre a caravana de migrantes que está a atravessar a América Central rumo aos EUA, e que se tornou numa arma de arremesso político durante a campanha para as eleições de terça-feira. Trump respondeu às primeiras questões, defendendo que a entrada de estrangeiros no país deve decorrer pelos canais legais, exasperando-se depois com a insistência do jornalista no tema.
“Acho que me devias deixar chefiar o país. Tu chefias a CNN, e se o fizesses bem, as audiências não estariam tão mal”, disse Trump, antes de o jornalista colocar uma nova pergunta sobre a investigação às suspeitas de interferência russa na campanha para as eleições de 2016. “A CNN devia ter vergonha de ter uma pessoa como tu a trabalhar”, acrescentou o Presidente dos EUA, qualificando Acosta como uma "pessoa terrível e mal-educada".
Ao mesmo tempo, uma funcionária da Casa Branca tentava retirar o microfone a Acosta, que resistiu por alguns instantes.
O microfone acabou por ser efectivamente retirado e entregue a outro jornalista, Peter Alexander, da NBC, que defendeu o colega da CNN, considerando “injusto” o ataque do Presidente.
A conferência de imprensa, marcada por vários momentos de tensão entre Trump e os jornalistas, prolongar-se-ia por mais de uma hora.
Já ao final de um longo dia político, que acabaria por ficar dominado pelo afastamento do procurador-geral Jeff Sessions, a assessora de imprensa do Presidente anunciou a retirada das suas credenciais de acesso à Casa Branca ao jornalista da CNN, sugerindo a ocorrência de um confronto físico entre o repórter e uma funcionária da presidência que as imagens transmitidas em directo não confirmam.
“Nunca iremos tolerar que um jornalista ponha as suas mãos numa jovem mulher que estava só a tentar fazer o seu trabalho”, escreveu Sarah Sanders na rede social Twitter.
“Este comportamento é absolutamente inaceitável”, acrescentou, acusando ainda Jim Acosta de não ter permitido que os seus colegas colocassem questões a Donald Trump.
"Isto é uma mentira", reagiria Acosta, também através do Twitter, onde confirmou que lhe foi vedado o acesso à Casa Branca.
“Os serviços secretos acabam de me pedir a credencial”, escreveu, publicando um vídeo em que um agente o aborda.
Este é apenas o mais recente incidente numa já longa guerra entre Trump e vários jornalistas norte-americanos, que o Presidente apelida de “inimigos do povo”.