“Se os dados são o petróleo, a inteligência artificial é o motor”

O presidente da Samsung ilustrou o potencial de transformação e de negócio dos sistemas inteligentes. Mas alertou para os riscos da tecnologia e para as muitas perguntas sem resposta óbvia. O PÚBLICO acompanha as principais ideias em debate na Web Summit.

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Tuomas Forsell

Que número poderá ser maior do que o de estrelas na nossa galáxia ou o número de neurónios no cérebro humano? O número de dispositivos que em breve poderão vir a estar ligados através da Internet em todo mundo – a resposta foi dada na Web Summit pelo presidente da Samsung, Young Sohn, para ilustrar o potencial de inovação e negócio num mundo cada vez mais conectado.

A esta abundância de aparelhos ligados uns aos outros (aquilo a que o jargão do sector tem vindo a chamar de Internet das Coisas) junta-se uma quantidade de dados que cresce a cada dia e que podem ser dissecados por algoritmos, e ainda uma capacidade de computação que é cada vez maior e mais barata. Formou-se, disse Sohn, “a tempestade perfeita” para uma proliferação de inteligência artificial, uma tecnologia que “já anda por aí há 30 anos”, mas que promete agora transformar praticamente todos os sectores da sociedade e ser um novo motor económico.

“Esta é mesmo uma oportunidade global para todos nesta sala. Não é só para os chineses, não é só para os EUA. Os dados são intangíveis e podem estar em qualquer ponto do mercado”, sublinhou Sohn, numa altura em que EUA, Europa e China estão numa corrida pelo desenvolvimento deste tipo de tecnologias e pela exploração das oportunidades de negócio associadas. O executivo lembrou que as maiores empresas deixaram de ser as petrolíferas e que esse lugar é agora ocupado por multinacionais tecnológicas. “Se os dados são o petróleo, a inteligência artificial é o motor”, disse.

Sohn – que preside a um dos maiores grupos empresariais do mundo, cujos produtos vão de telemóveis a frigoríficos – afirmou que a inteligência artificial está a transformar a indústrias gigantes, como o fabrico de automóveis e a criação de novos fármacos. Mas fez questão de apontar riscos e incógnitas.

Referindo-se aos muitos desafios éticos da tecnologia, perguntou: “Vamos criar mais ou menos empregos? Vamos ser mais diversificados ou vamos ter uma inteligência artificial mais estreita?”

As interrogações estão em linha com algumas das questões que já nesta segunda-feira, no mesmo palco, foram levantadas pelo secretário-geral das Nações Unidas. "Nas próximas décadas vamos assistir a uma grande quantidade de novos empregos criados, e uma grande quantidade de empregos destruídos. É impossível saber qual destes números será maior. É óbvio que a relação entre lazer, trabalho e outras ocupações vai mudar drasticamente", disse António Guterres, na sessão de abertura da Web Summit.

Num tom que tem sido ouvido em muitas intervenções este ano, Young Sohn reconheceu que os desafios não serão simples: “A viagem vai ser muito drástica, muito dura e não haverá respostas óbvias.”

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