Viana do Castelo inaugura Centro Interpretativo dos Caminhos de Santiago
O Hospital Velho corresponde a uma antiga pousada de acolhimento dos peregrinos de Santiago
O Hospital Velho, em Viana do Castelo, que chegou a ser albergue de peregrinos de Santiago de Compostela, vai funcionar, a partir de sábado, como centro interpretativo do percurso pela costa, anunciou esta sexta-feira a autarquia. A transformação do imóvel do século XV, em pleno centro histórico da cidade, às novas funções representou um investimento de cerca de 250 mil euros, suportado por fundos comunitários.
A empreitada de requalificação das fachadas e da cobertura do Hospital Velho, no valor de 145 mil euros foi suportada por uma candidatura ao Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU). Já o apetrechamento da nova valência, num investimento de mais de 92 mil euros, foi financiado pela candidatura Valorização dos Caminhos de Santiago - Caminho Português da Costa, que reúne dez municípios.
O Hospital Velho corresponde a uma antiga pousada de acolhimento dos peregrinos de Santiago, fundada por João Paes "o Velho" em 1468 e restaurada no século XVI com o intuito de prestar auxílio a viajantes. Aquele imóvel está situado na Praça da Erva e é um local emblemático daquele percurso, já que o apoio aos viajantes era realizado através de uma rede assistencial que assentava no funcionamento de estalagens e hospitais.
Em Setembro de 2017, aquando do anúncio da criação daquela valência, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, adiantou que a adaptação do Hospital Velho a centro interpretativo "permite mostrar "parte significativa da muralha fernandina de Viana do Castelo". "É, provavelmente, a parte de muralha mais bem conservada da cidade. Vai ser um espaço em que os visitantes vão poder conhecer a evolução histórica de Viana do Castelo", explicou, na ocasião, José Maria Costa.
A empreitada de requalificação dotou o imóvel "de condições e meios técnicos para a receção de peregrinos e visitantes retomando, de certa forma, a sua função primordial". Em Viana do Castelo, a autarquia pretende ainda valorizar "o mais antigo testemunho dos Caminhos de Santiago de Compostela pela Costa" e que são dois documentos arqueológicos datados do ano 862 que atestam a existência do caminho pelo litoral e que se encontram na Igreja de Santiago, na freguesia de Castelo de Neiva.
O projeto Valorização do Caminho Português da Costa integra-se numa rede intermunicipal, coordenada tecnicamente pela Câmara de Viana do Castelo, e que tem como parceiros os municípios do Porto, Matosinhos, Maia, Vila do Conde, Póvoa de Varzim, Esposende, Caminha, Vila Nova de Cerveira e Valença. A "Valorização dos Caminhos de Santiago - Caminho Português da Costa" resulta de uma candidatura conjunta dos dezmunicípios ao Norte 2020, com o objetivo de valorizar e reconhecer oficialmente este caminho como itinerário da peregrinação a Santiago.
Esta rede intermunicipal apresenta uma imagem de marca única e uma comunicação integrada que visa potenciar o valor intrínseco do Caminho Português da Costa. A candidatura pretende também dinamizar o potencial Cultural e Turístico das peregrinações a Santiago de Compostela, fomentando o desenvolvimento económico, social e ambiental nos territórios atravessados por este traçado, contribuir para o desenvolvimento de produtos identificados como estratégicos para a região que permitam complementar a oferta existente, nomeadamente nas vertentes do turismo de natureza e touring' cultural e paisagístico, e promover a colaboração intermunicipal materializada na conceção, gestão, implementação, comunicação e promoção deste projeto de natureza Cultural, ambiental e turística.
Ao abrigo daquele projeto intermunicipal, está a funcionar um site na internet, que reúne todas as informações sobre o Caminho Português da Costa, uma aplicação para dispositivos móveis que pode ser descarregada e um desdobrável de apoio aos peregrinos de Santiago que optam por fazer o Caminho Português da Costa. Iniciativas concretizadas ao abrigo do projeto intermunicipal, dotado de 1,6 milhões de euros.
Nas novas ferramentas, que pretendem orientar, mas também conferir mais segurança à caminhada dos peregrinos, podem ser encontradas explicações sobre o Caminho da Costa, e também do Caminho Central, além de uma divulgação histórica, patrimonial, ambiental e cultural dos dez municípios que integraram o projeto.