Tancos: só um elemento da GNR prestou depoimento e explicou "tudo o que havia para esclarecer"
Ficou marcado para as 10h30 de sexta-feira a promoção pelo Ministério Público das medidas de coacção a aplicar aos arguidos com termos de identidade e residência.
O advogado dos três elementos da GNR de Loulé detidos no âmbito do processo do reaparecimento das armas roubadas em Tancos disse que o interrogatório "correu bem" e que foram feitos esclarecimentos do que aconteceu. À saída do tribunal, no Campus da Justiça, em Lisboa, o advogado Cruz Campos explicou aos jornalistas que o único elemento da GNR a prestar depoimento foi o sargento Lima Santos, que explicou "tudo o que havia para esclarecer".
Segundo o advogado, Lima Santos esclareceu tudo o que foi feito pela GNR no âmbito da recuperação das armas roubadas em Tancos e que a actividade desenvolvida pelos militares "estava devidamente autorizada e fundamentada".
Cruz Campos disse que os dois outros guardas não falaram, porque estavam "demasiado cansados" para o fazer, mas considerou que o interrogatório de Lima Santos "correu bem" e reiterou que foi devidamente esclarecedor.
O advogado adiantou que depois das explicações do sargento, que comandava o núcleo de investigação criminal da GNR de Loulé, os seus clientes sairão em liberdade na sexta-feira, aguardando o resto do processo.
Pouco depois das 21h foi feita uma pausa nos trabalhos para jantar, faltando ainda ouvir em interrogatório pelo juiz de instrução criminal João Bártolo dois elementos da Polícia Judiciária Militar.
Fonte dos advogados disse aos jornalistas que o arguido civil, que além dos crimes relacionados com o roubo das armas, responde também por tráfico de droga, apreendida durante as buscas realizadas no âmbito da investigação, decidiu não prestar depoimento.
Ficou marcado para as 10h30 de sexta-feira a promoção pelo Ministério Público das medidas de coacção a aplicar aos arguidos com termos de identidade e residência.
Após a promoção do Ministério Público terão lugar as alegações dos advogados dos arguidos.
Os arguidos estiveram hoje no Tribunal de Instrução Criminal (TIC) em salas separadas, cada uma delas vigiada por um polícia, para evitar contactos entre eles.
Os oito detidos no âmbito desta investigação da Polícia Judiciária e do Ministério Público foram identificados hoje pelo Juiz de Instrução criminal, João Bártolo, o responsável pela aplicação das medidas de coação aos arguidos.
A Operação Húbris investiga o aparecimento na Chamusca em Outubro de 2017 de material furtado em Tancos e, segundo o Ministério Público, em causa estão "factos susceptíveis de integrarem crimes de associação criminosa, denegação de justiça, prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder, receptação, detenção de arma proibida e tráfico de armas".
Marcelo: "Os portugueses querem saber o que se passou"
O furto de material militar dos paióis de Tancos (instalação entretanto desactivada) foi revelado no final de Junho de 2017. Entre o material furtado estavam granadas, incluindo antitanque, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
Nesta quinta-feira, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, disse estar a acompanhar "com todo o interesse" a investigação criminal sobre o caso de Tancos, recordando que sempre insistiu no apuramento "do que se passou".
À margem da IV Cimeira do Turismo, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que no "último ano e alguns meses" sempre insistiu "pelo apuramento do que se passou em Tancos, no sentido de apuramento do que aconteceu às armas, num primeiro momento, e o apuramento do que aconteceu às armas, num segundo momento".
"Sempre disse que uma investigação criminal era fundamental", reforçou. E disse ainda que, por isso, acompanha "com todo o interesse" a investigação criminal que agora decorre nos dois planos.
"Os portugueses querem saber o que se passou com a devolução das armas e querem saber o que se passou com o desaparecimento das armas. Espero que seja possível, correspondida, essa pretensão justa dos portugueses na investigação em curso", afirmou o chefe de Estado.
Questionado sobre se este processo não afecta a credibilidade das instituições, Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou que sempre considerou que a investigação criminal era fundamental, "precisamente, pelo prestígio das Forças Armadas, pelo prestígio do Estado e da Democracia".