Pilotos pedem demissão do presidente da Ryanair
Numa iniciativa de âmbito europeu, Portugal incluído, os pilotos dizem que o modelo de liderança de Michael O'leary “fracassou”.
Para muitos dos pilotos da Ryanair, a “relação entre a gestão da Ryanair e os seus funcionários tornou-se totalmente disfuncional, estando agora a colocar em risco o sucesso contínuo da empresa”. A frase consta de um comunicado enviado às redacções pelo Sindicato dos Pilotos da Aviação da Aviação Civil (SPAC), e divulgado também por outras 12 estruturas representativas de pilotos ligados à transportadora aérea low cost a nível europeu, onde se pede o afastamento de Michael O'Leary da presidência executiva da empresa.
A demissão de O’Leary, defende-se, deve ser proposta pelos accionistas da Ryanair na assembleia geral que se realiza esta quinta-feira.
Para estes pilotos, “independentemente das reivindicações de reconhecimento sindical e de melhorias do relacionamento com os funcionários, a abordagem feita sob a liderança de Michael O’Leary ao longo de mais de 20 anos permanece inalterada”. Sustentando que “a relação entre a gestão da Ryanair e os seus funcionários tornou-se totalmente disfuncional”, dizem que se está a “colocar em risco o sucesso contínuo da empresa”.
A Ryanair, avançam, “precisa de líderes competentes que estejam focados num futuro claro e diferente”.
Além de afirmarem que perderam “toda a confiança” na actual liderança, os pilotos defendem que as falhas são agravadas “por uma aparente falta de supervisão da administração, do presidente e de administradores não executivos”.
Resultados a descer
De acordo com a Bloomberg, o encontro de accionistas desta quinta-feira promete ser animado (estava vedada a presença de jornalistas mas acabou por ser autorizada), com algumas preocupações com a falta de independência do conselho de administração, e do seu presidente, David Bonderman (próximo de O’Leary). Mesmo assim, tudo aponta para que Bonderman seja reeleito, tal como O’Leary.
Estima-se que a empresa apresente uma descida nos lucros, a primeira desde 2014, afectada pela subida do preço do petróleo, pela concorrência e pelos impactos da instabilidade laboral – com revindicações de melhores condições de trabalho -, que têm conduzido a várias greves e cancelamentos de voos.
Nova greve a caminho
Quem também já se dirigiu aos accionistas foram os tripulantes de cabine ligados à Ryanair, no passado dia 17 de Agosto. Subscrita por sete sindicados europeus, incluindo o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), defendia-se na carta aberta que os gestores da empresa usam “o bullying como ferramenta de gestão”.
“Não acreditamos”, diziam os sindicatos, “que os actuais gestores da empresa reúnam a confiança dos seus trabalhadores ou as competências necessárias para realizar as alterações que se impõe” à companhia aérea.
O ano de 2018 “poderá ficar na história como o início de uma nova e sustentável Ryanair ou poderá ser o ano que, por algumas más razões, causará danos irreversíveis a uma operação já fragilizada”, sublinhavam os sindicatos.
Para o próximo dia 28 de Setembro está marcada uma nova greve dos tripulantes de cabine de cinco países, juntando trabalhadores da Bélgica, Holanda, Itália, Espanha e Portugal.