Carta a tripulantes da Ryanair sobre greve foi entregue às autoridades nacionais

A carta da Ryanair sobre as consequências negativas para os tripulantes de cabine da companhia aérea que faltaram nos dias de greve foi entregue à Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) e ao Ministério do Trabalho, disse hoje o sindicato.

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Michael O'Leary é o presidente da companha aérea de baixo custo. Reuters/HEINZ-PETER BADER

Em declarações à agência Lusa, a presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo, criticou as “consequências” referidas pela transportadora aérea de baixo custo para quem faltou ao trabalho nos passados dias 25 e 26 de Julho, dias da greve.

Numa carta dirigida aos trabalhadores, a empresa referiu que não serão pagos vários componentes do salário, incluindo bónus de produtividade, e que as ausências são “levadas em conta, tal como outros factores relevantes de desempenho em avaliações para oportunidades de promoções e de transferências”.

Referindo que estas cartas dizem respeito a dias de greve, a dirigente sindical informou que foram entregues à ACT e ao ministério responsável pelas relações laborais.

“Na Ryanair, fazer greves tem algum tipo de consequências, estar doente tem consequências, não vender raspadinhas tem consequências, querer tirar licença, tem consequências para tripulantes. Aparentemente só não há consequências para a administração”, criticou Luciana Passo.

Proximamente, os sindicatos europeus dos tripulantes não avançam com mais acções, até por “respeito aos passageiros e para ver o que as autoridades dos vários países vão fazer” face às críticas dos sindicatos.

“Vamos esperar algum tempo”, disse a dirigente, referindo estar nos planos o agendamento de uma nova reunião entre os representantes dos trabalhadores.

Luciana Passo assegurou à Lusa que as autoridades quiseram já esclarecer algumas questões sobre planeamento de escalas e que durante os dias de greve marcaram presença nos aeroportos de Portugal continental.

A Ryanair tem estado envolvida, em Portugal, numa polémica desde a greve dos tripulantes de cabine de bases portuguesas por ter recorrido a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação, que durou três dias, no período da Páscoa.

A empresa admitiu ter recorrido a voluntários e a tripulação estrangeira durante a greve.

A decisão de partir para a greve europeia na semana passada foi tomada em 5 de Julho numa reunião, em Bruxelas, entre vários sindicatos europeus para exigirem que a companhia de baixo custo aplique as leis nacionais laborais e não as do seu país de origem, a Irlanda.

Com a greve, os trabalhadores querem exigir que a transportadora irlandesa aplique a legislação nacional, nomeadamente em termos de gozo da licença de parentalidade, garantia de ordenado mínimo e que retire processos disciplinares por motivo de baixas médicas ou vendas a bordo dos aviões abaixo das metas definidas pela empresa.