YouTube para crianças chega a Portugal

O objectivo é deixar os mais novos navegar em segurança, sem vídeos para adultos, linguagem imprópria e anúncios para bebidas açucaradas.

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Os pais podem seleccionar manualmente os vídeos que os filhos vêem Reuters/Sait Serkan Gurbuz

O Google lançou em Portugal uma aplicação do YouTube dedicada às crianças, três anos depois de ter sido apresentada nos EUA. Com o YouTube Kids, os mais novos passam a ter acesso a uma versão especial do serviço, que apenas inclui conteúdo infantil (desde tutoriais, a músicas e desenhos animados) e que os pais podem controlar. 

A aplicação não permite quaisquer comentários nos vídeos, e usa algoritmos para filtrar vídeos que não são para crianças, bem como publicidade a doces e bebidas açucaradas. Divide-se em três categorias principais (programas infantis como desenhos animados e séries juvenis, aprendizagem e música), mas crianças com autorização podem pesquisar conteúdo adicional por escrito ou com a voz. 

“Foi criada exclusivamente a pensar nos mais novos. Até os algoritmos que usamos foram treinados para perceber a voz de crianças e ignorar palavras que são asneiras”, explicou ao PÚBLICO Elias Moreno, responsável pela estratégia dos produtos familiares e de educação na Europa. 

Em 2018, o YouTube Kids já está disponível em 40 outros países, com algoritmos treinados em nove línguas (incluindo o português europeu) para perceber a forma como as crianças falam. A aplicação que chega agora a Portugal vem com versão adicional que dá aos pais o poder de escolherem manualmente os vídeos que os mais novos vêem através de uma conta de administrador.

“Queríamos dar uma camada de controlo adicional a quem precisasse. Os pais que queiram passam a ter o controlo total daquilo que os filhos vêem, em vez de o dar a um algoritmo”, disse Moreno.

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Uma das categorias disponíveis é aprendizagem que inclui tutorias e programas educativos

Nos EUA e no Reino Unido, alguns pais têm alertado para problemas na natureza do conteúdo que chega à aplicação com o filtro automático – por exemplo, paródias que usam desenhos animados infantis (como o Ruca, a Pocoyo e a Peppa Pigs) em cenas violentas. Apesar de o YouTube Kids só promover na página inicial conteúdo verificado por uma equipa do Google, as crianças podiam chegar a outros vídeos quando a função de pesquisa estava activada.

Tal como a versão portuguesa, as restantes versões do YouTube Kids também foram actualizadas para incluir a opção de barrar conteúdo não autorizado pelos pais no painel de controlo. Os pais que queiram dar liberdade às crianças para aceder a todos os vídeos disponíveis no YouTube Kids têm a opção de denunciar qualquer conteúdo impróprio que escape aos filtros da aplicação. Isto ajuda o algoritmo a melhorar.

A aplicação, como acontece com o resto das plataformas do YouTube, faz dinheiro com anúncios. “O conteúdo também é adaptado para as crianças. Por exemplo, é impossível encontrar anúncios a bebidas açucaradas. É algo que queríamos garantir”, assegura Moreno. Para ajudar as crianças a distinguir entre programas infantis e publicidade, há um separador que surge a avisar quando um programa vai ser interrompido para anúncios.

Para evitar que as crianças passem demasiado tempo em frente ao ecrã, os pais podem ainda seleccionar um temporizador que desliga a aplicação passado um tempo específico. É uma estratégia que não é exclusiva às crianças. O novo sistema operativo do Google, o Android P, também alerta os utilizadores adultos quando passam demasiado tempo agarrados a uma aplicação, seja para ler emails do trabalho durante as férias ou ver vídeos durante a madrugada. Recentemente, grandes tecnológicas – como a Apple e o Google – têm enfrentado controvérsias sobre o papel das empresas em pessoas que ficam viciadas em ecrãs.

O YouTube Kids está disponível gratuitamente no Google Play e App Store. 

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