Será difícil formar governo na Suécia após empate entre esquerda e direita

O Partido Social-Democrata do primeiro-ministro venceu as eleições com 28,4% dos votos. Não se confirmaram as previsões de que os Democratas Suecos, de extrema-direita, se tornariam o segundo maior partido.

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O Partido Social-Democrata do primeiro-ministro, Stefan Löfven, venceu as eleições com 28,4% Claudio Bresciani/EPA

Quando estavam escrutinados 99% dos votos, o conjunto das forças de esquerda registava 40,6% dos votos, que lhe dava 144 lugares no Parlamento, face aos 40,3% da Aliança, do centro-direita, com 143 deputados, segundo a autoridade eleitoral da Suécia. Nenhum dos blocos tem maioria suficiente para governar sozinho.

A extrema-direita, com cerca de 18% dos votos, garantirá 62 deputados, num complexo cenário político pós-eleitoral. Se algum dos blocos se coligasse com os Democratas Suecos de Jimmie Åkesson, poderia ter maioria suficiente para formar governo, mas tanto os líderes da esquerda como da direita prometeram que não negociariam com a extrema-direita.

O Partido Social-Democrata do primeiro-ministro, Stefan Löfven, venceu as eleições com 28,4%, seguido pelo Partido Moderado (conservador), com 19,8%, enquanto o SD garantiu 17,6% dos votos.

O chefe do Governo é tradicionalmente o dirigente do partido que obteve mais votos, mas a nova fragmentação política torna qualquer solução particularmente difícil.

Dirigentes das duas grandes coligações começam a reunir-se já esta segunda-feira, em busca de uma estratégia para tentar formar uma coligação nunca experimentada na Suécia. Mas o processo pode demorar semanas, ou falhar.

Os Democratas Suecos ameaçam deitar abaixo qualquer executivo que não lhes dê uma palavra na política a seguir daqui para a frente. "Não deixaremos passar um governo que não nos dê influência", afirmou o líder da extrema direita Jimmie Akesson . "Pelo contrário, faremos tudo o que podermos para derrubar um tal governo."

Akesson convidou, por seu lado, o chefe da oposição de centro-direita, o conservador Ulf Kristersson, a iniciar conversações para formar governo. “Estou preparado para falar com todos os partidos, mas em particular convido Ulf Kristersson a discutir como governar este país de agora em diante”, disse no seu quartel-general eleitoral em Estocolmo.

O sucesso dos Democratas Suecos acontece num momento de ansiedade sobre a identidade nacional, os efeitos da globalização e receios relativamente à imigração, que aumentou muito porque a Suécia recebeu muitos refugiados do Médio Oriente no ano da grande fuga, 2015. A votação deste domingo foi a primeira desde que a Suécia, país com uma população que ronda os dez milhões de habitantes, recebeu 163 mil requerentes de asilo em 2015, o maior rácio per capita da Europa, no acolhimento de migrantes.

Em poucos meses, o Governo de Estocolmo teve, no entanto, que recuar nas políticas de acolhimento, e o primeiro-ministro sueco, Stefan Löfven, admitiu que o país não estava a conseguir lidar com tal fluxo migratório.

Apesar do endurecimento das leis migratórias e do reforço dos controlos fronteiriços, muitos suecos sentem-se abalados por um crescente sentimento de insegurança, alimentado por relatos de violações, carros incendiados e violência de gangues em bairros normalmente associados com a população imigrante, e com uma elevada taxa de desemprego.

O cenário tem sido fértil para a agenda anti-imigração dos Democratas Suecos, que, durante a campanha eleitoral, também anunciou a intenção de apresentar um pedido no Parlamento para que a permanência sueca na União Europeia (UE) vá a referendo.