Serena Williams foi multada em 15 mil euros este domingo, depois de uma discussão com o árbitro português Carlos Ramos. A tenista acusou o técnico de sexismo e disse-lhe que Ramos “nunca mais” iria arbitrar uma final.
O episódio aconteceu depois de Serena Williams, num jogo contra Naomi Osaka, ter sido advertida pelo árbitro por ter recebido instruções do seu treinador. A tenista foi penalizada três vezes, reclamou e acusou o português de ser "mentiroso" e "ladrão", garantiu que tinha respeitado as regras e exigiu que lhe fosse feito um pedido de desculpas.
Este domingo, depois de o treinador da tenista, Patrick Mouratoglou, ter admitido que lhe deu indicações — dando assim razão ao árbitro português — a tenista foi multada em 10 mil dólares (8641 euros) por abuso verbal contra o árbitro, 4 mil (3456 euros) por receber instruções do treinador e 3 mil (2592 euros) por partir uma raqueta.
Ténis: comportamento de Serena Williams divide opiniões
A discussão marcou o fim-de-semana no mundo do ténis e gerou reacções entre atletas e fãs, dividindo opiniões. Não foi a primeira vez que Serena Williams se insurgiu contra a decisão de um árbitro. E não foi a única polémica de uma tenista que soma controvérsias.
1. Tenista já tinha sido multada por se queixar de decisão
Em 2009, durante a semifinal do US Open, num jogo contra a tenista Kim Clijsters, Serena Williams foi condenada a pagar uma multa de 10.500 dólares (aproximadamente 9 mil euros) pelo seu comportamento contra uma juíza de linha depois de esta lhe ter assinalado uma falta.
Apesar de o tribunal não ter revelado pormenores sobre a discussão, alguns tablóides norte-americanos citaram como ameaças à integridade física que terão mesmo escalado para uma ameaça de morte. A tenista recusou-se a pedir desculpa. “Um pedido de desculpas? Meu? Quantas pessoas é que gritam ao juiz de linha? Acontece a toda a hora. Já perdi a conta ao número de vezes que isso aconteceu. Sou uma profissional. Não implorei por outra oportunidade, porque conheço as regras e cumpro-as”, cita o Guardian.
Anos antes, em 2004, contra a tenista Jennifer Capriati, Serena Williams sentiu-se injustiçada com as decisões de um juiz: onde ele via a bola fora do campo, ela via-a dentro.
2. Acusada de culpar vítima de violação
Em 2013, numa entrevista à revista Rolling Stone, a tenista comentou um caso de uma violação de uma rapariga de 16 anos por dois rapazes, ambos jogadores de uma equipa de futebol americano, numa festa em Steubenville, em Ohio, em 2016. A vítima foi fotografada e as fotografias espalharam-se pelas redes sociais.
Falando sobre o caso, Serena Williams disse que a vítima até “teve sorte”. “Eles fizeram uma coisa estúpida, mas não sei. Não estou a culpar a rapariga, mas se tens 16 anos e estás assim tão bêbeda, os teus pais devem ensinar-te a não aceitar bebidas de outras pessoas. Ele tem 16 anos. Estava assim tão bêbeda que não se lembra? Podia ter sido muito pior. Ela teve sorte. Talvez não fosse virgem, mas não se deveria ter colocado naquela posição, a não ser que eles a tenham induzido a alguma coisa, isso é diferente”.
As declarações da jogadora geraram contestação e Serena Williams foi acusada de estar a culpar a vítima, em vez de condenar o crime cometido pelos dois rapazes. Acabou por pedir desculpa pelas suas observações.
“O que aconteceu em Steubenville foi um grande choque para mim. Fiquei bastante triste. Alguém ser violado, e só com 16 anos, é uma tragédia horrível. Para ambas as famílias envolvidas — a da vítima e a dos acusados. Estou a entrar em contacto com a família da rapariga para que saibam que sinto muito pelo que foi escrito na revista. O que está escrito — o que supostamente disse — é insensível e ofensivo, e eu de forma alguma eu teria dito ou insinuado que ela tinha culpa. Lutei durante toda minha carreira pela igualdade feminina, direitos iguais para as mulheres e respeito no trabalho — tudo que pude fazer para apoiar as mulheres, eu fiz”, declarou em comunicado.
3. O sexismo contra Serena Williams
Mas os papéis invertem-se. Em Junho de 2017 foi a tenista a vítima de um comentário sexista do tenista norte-americano John McEnroe, que, numa entrevista à rádio pública norte-americana NPR, afirmou que se Serena Williams jogasse no circuito masculino o seu lugar cairia para "a número 700" do mundo. A tenista, na altura grávida, pediu respeito pela sua privacidade e que fosse deixasse de fora de “ilações que não são baseadas em factos”.
4. Do catsuit ao tutu
Uma das polémicas mais recentes que colocou o nome de Serena Williams nos títulos da imprensa desportiva (e não só) recua à escolha de um catsuit desenhado pela Nike para melhorar a circulação sanguínea da atleta durante a recuperação pós-parto, devido à formulação de coágulos.
O jogo aconteceu em Maio, no torneio de Roland Garros, mas a controvérsia reacendeu-se com a declaração da Federação Francesa de Ténis no último mês. O presidente da federação, Bernard Giudicelli, proibiu fatos como aquele, deixando ainda uma nota à tenista: “Há que respeitar o jogo e o contexto".
Depois de garantir que não queria ser uma constante infractora e que tinha uma boa relação com Giudicelli, a tenista regressou ao campo no Open dos EUA com um vestido de ténis preto com uma saia de tule.