Varandas quer vencer o pior adversário, “o Sporting fracturado”
Jaime Marta Soares explicou de madrugada as complicações que atrasaram a contagem dos votos e o anúncio dos resultados: “O homem constrói a máquina e a máquina cria-lhe alguns problemas”.
Horas depois de ser eleito, Frederico Varandas foi investido como 43.º presidente do Sporting no auditório do Estádio José Alvalade. No seu primeiro e breve discurso apelou à união de todos os sócios e adeptos, mas na sala não se encontrava nenhum dos seus cinco adversários na corrida eleitoral. Aos 38 anos, o ex-director clínico do clube tornou-se num dos mais jovens líderes da história “leonina”.
O recorde continua a pertencer ao homem que deu nome ao estádio, José Alvalade, fundador do emblema, que assumiu a presidência com apenas 24 anos, em 1910.
“Virámos uma página. O passado ficou para trás, o futuro é nosso”, afirmou o sucessor de Bruno de Carvalho, após assinar o documento oficial de tomada de posse, como já tinham feito todos os elementos dos seus órgãos sociais.
“A minha primeira prioridade e da minha grande equipa é unir o Sporting Clube de Portugal. Ontem [sábado] começámos a vencer o adversário mais terrível que já tivemos em toda a nossa história: o Sporting fracturado”, referiu na curta intervenção, muito aplaudida pelos apoiantes que encheram a sala.
Na primeira reacção à vitória, durante a madrugada, Frederico Varandas fora mais eloquente após ver confirmado o seu triunfo. “É uma vitória da independência, da resistência, da resiliência e da superação”, sublinhou, garantindo uma vez mais que a sua missão passava agora por unir os “leões”.
Eleito com 42,32% dos votos (45.019), Varandas teve, mesmo assim, menos 1.018 votantes do que o ex-campeão de futsal do clube, João Benedito, o segundo mais votado com 36,84% (39.187). Algo que se justifica pelo método de eleição no Sporting, em que os sócios mais antigos têm mais votos.
Também por isto, Varandas não demorou a elogiar o seu adversário. “Uma palavra especial para João Benedito, segundo candidato com mais votos neste processo eleitoral. O João é um grande atleta e espero que nunca se afaste do clube. Faz e fará sempre parte da nossa história.”
Naquelas que foram as eleições mais participadas de sempre no Sporting, com 22.400 sócios a votar (número actualizado já no decorrer da madrugada), José Maria Ricciardi encerrou o pódio, com 14,55% dos votos (15.481 votos de 2.594 sócios), seguido de Dias Ferreira, com 2,35% (2.504/586), Tavares Pereira, com 0,9% (954/197) e Rui Jorge Rego, com 0,51% (544/98). Acima destes dois candidatos ficaram os votos em branco: 2,21% (2350/445).
Os resultados encerraram uma longa maratona eleitoral que arrancou com a abertura das urnas às 9h da manhã. O voto electrónico é que não contribuiu em nada para tornar o processo de contagem mais célere.
Confirmação dada por Benedito
O relógio já marcava 2h16 de domingo quando as movimentações dos apoiantes de Frederico Varandas na sua sede de candidatura, nas imediações do Estádio de Alvalade, indiciavam que o médico teria vencido a longa maratona eleitoral. Mas acabou por ser João Benedito, minutos depois, a assumir a derrota e a confirmar o triunfo do seu adversário.
“Quero dar os parabéns ao Frederico Varandas pela vitória. É o meu presidente e o de todos os que votaram na lista A [de Benedito] para que o Sporting tenha um futuro risonho”, assumiu o gestor e ex-glória do futsal “leonino”.
Do presidente da Mesa da Assembleia Geral (MAG), Jaime Marta Soares, não havia qualquer notícia desde o encerramento das mesas de voto, após as 19h. Isto depois das inúmeras declarações que foi fazendo ao longo do dia à comunicação social, quase sempre a congratular-se pela forte adesão dos sócios e pela forma “perfeita” e “maravilhosa” como estava a decorrer o processo.
Já perto das 2h30 da manhã, o responsável da MAG lá compareceu na sala de imprensa do Estádio José Alvalade. Num longo discurso, foi elogiando das mais diversas formas os sócios e fundadores do clube até começar a explicar o que atrasou a contagem dos votos e, finalmente, revelar o nome do vencedor – que já todos sabiam –, assim como os números e percentagens dos votos.
“Porventura estranharão o tempo da demora até encontrarmos os resultados. Muitas vezes o homem constrói a máquina e a máquina cria-lhe alguns problemas. E foi exactamente assim que durante cerca de duas horas estivemos numa situação complicada”, justificou, revelando que o atraso se deveu a problemas informáticos.
“Não sei o que é que aconteceu nos computadores que para nos darem os resultados foi preciso pôr cabo, mudar cabo, mudar computador. E isto atrasou-nos cerca, efectivamente, de duas horas”, admitiu. “Foi extremamente desagradável para nós e para a comunicação social, ávida por dar a conhecer os resultados.”