Kamov alugados já participaram em 37 incêndios
A Protecção Civil assegura que os contratos estão a ser cumpridos e regulador da aviação diz que a empresa que opera os helicópteros pesados tem a certificação em dia.
A Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e a Autoridade Nacional de Aviação Civil (ANAC) rejeitam que haja problemas com as certificações dos três helicópteros contratados para substituir os Kamov do Estado, que estão parados desde o início do ano. As três aeronaves já foram usadas em 37 missões e até à data não houve qualquer incidente, garante a Protecção Civil.
Desde o início de Julho que a ANPC tem ao seu dispor três helicópteros pesados Kamov, contratados à empresa Heliportugal, que por sua vez os conseguiu através da empresa ucraniana Artic. Esta empresa tem relações com uma quarta, a Pecotex, da Moldávia, que esteve debaixo de críticas relacionadas com a sua certificação para voar em espaço europeu. De acordo com o JN, esta empresa não teria autorização para este tipo de trabalhos, o que incluiria os helicópteros que estão em Portugal.
Mas de acordo com a ANAC e com a ANPC, esta empresa pode realizar trabalhos de combate a incêndios - não pode, por outro lado, fazer transporte de passageiros, mas o contrato com Portugal não o exige. "Os helicópteros Kamov presentemente ao serviço da ANPC possuem a necessária autorização temporária, emitida pela ANAC para operarem em missões de combate a incêndios", garante o regulador em comunicado, que explica que só seria necessária uma certificação diferente se estivesse em causa o transporte de passageiros, o que não está incluído no contrato destas aeronaves.
A ANPC dá a mesma segurança, dizendo que os documentos estão todos em dia: "A operadora foi autorizada pela ANAC para o exercício temporário da actividade de trabalho aéreo, na modalidade de combate a incêndios com bombardeamento de água, em espaço aéreo sob jurisdição nacional, com as aeronaves Kamov, modelo KA32T, para a execução do contrato em causa", responde a Protecção Civil ao PÚBLICO.
No total, estes helicópteros vão ser utilizados no combate a incêndios durante quatro meses, por um valor de 3,65 milhões de euros (sem IVA). Até agora, de acordo com a ANPC, já estiveram em 37 missões e realizaram um total de 111 horas de voo, o que equivaleu a 976 descargas de água. Uma missão que está a decorrer sem incidentes, garante a Protecção Civil, e sem queixas a reportar.
A composição da tripulação destes helicópteros é no entanto diferente, uma vez que todos os elementos são ucranianos e precisam de um elemento que traduza as indicações de operação nos incêndios. De acordo com a ANPC, este facto não tem dado problemas nas missões já efectuadas, uma vez que são "técnicos de apoio à operação que garantam as comunicações de coordenação Ar-Terra-Ar, de acordo com o exigido pela ANAC".