A fotografia desta recém-nascida conta uma história de luta contra a infertilidade

Quatro anos de tratamentos e três abortos depois, casal conseguiu engravidar. Agora, querem que fotografia da filha seja uma esperança para quem passa pelo mesmo.

Foto
Samantha Packer/ Packer Family Photography

A fotografia mostra uma recém-nascida vestida com roupas coloridas e seria igual a tantas outras não fosse o invulgar coração criado à sua volta com seringas. London O’Neill nasceu depois de quatro anos de tentativas frustradas da mãe para engravidar, três abortos e um prolongado tratamento de fertilidade — as 1616 seringas da imagem foram as que a progenitora usou, duas vezes por dia, até dar à luz. A fotografia foi uma encomenda das mães Patricia e Kimberly O’Neill, que queriam mostrar ao mundo a sua luta e deixar uma mensagem a quem tenha o mesmo problema.

Patricia e Kimberly conheceram-se há coisa de seis anos. Em Fevereiro de 2014, com uma relação consolidada, decidiram que queriam ter um filho, contou a primeira à CNN. Patricia tinha já uma menina, agora com sete anos, Kimberly um menino de 14. Resolveram que seria Patricia a engravidar, uma vez que não tinha uma filha biológica e sempre o quis. Mas o plano que parecia simples era apenas o início de uma árdua batalha.

Patricia perdeu o primeiro bebé às seis semanas de gestação, o segundo às oito. E entre consultas médicas percebeu que sofria de um distúrbio de coagulação sanguínea, Factor V Leiden, que fazia com que tivesse sérias dificuldades em engravidar. Ela não desistiu.

Facebook da fotógrafa Samantha Packer

Iniciou uma terapia cujos custos chegaram aos 35 mil euros e que juntava duas injecções diárias de um anticoagulante e o tratamento clássico de fertilização in vitro. Kimberly guardou todas as seringas usadas ao longo dos quatro anos. E quando a 3 de Agosto London O’Neill nasceu, as mães quiseram registar o momento desta forma especial.

Desde que foi publicada, a 10 de Agosto, a fotografia de Samantha Packer teve mais de 65 mil partilhas na sua página do Facebook. Apesar da especialização em fotografia de recém-nascidos e de já ter retratado casos marcantes, Samantha deixou-se comover pela história. Kimberly tinha-lhe entregue as seringas dias antes, mas a fotógrafa só percebeu a real dimensão ao desenhar o coração com elas, um trabalho de mais de uma hora. “Soube [que a foto] era especial quando a tirei porque começámos todas a chorar”, contou Samantha à Time. “No entanto, não imaginei logo o impacto que teria junto dos outros.” 

O casal, agora com três filhos, acredita que a fotografia possa fazer o seu caminho, disse Patricia O’Neill à CNN: “Espero que casais que possam estar a passar pelo mesmo vejam que há uma luz ao fundo do túnel.”

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