Steven Seagal nomeado enviado especial da Rússia nos EUA
O actor norte-americano, que tem nacionalidade russa desde 2016 e é um assumido apoiante de Vladimir Putin, deverá “facilitar as relações” entre os dois países no campo “humanitário”.
Steven Seagal, actor de filmes de acção, guitarrista e instrutor de artes marciais, é o novo representante especial da diplomacia russa para as relações com os Estados Unidos “no campo humanitário”, anunciou este sábado o ministério russo dos Negócios Estrangeiros, precisando que a sua missão incluirá ainda a cooperação cultural e artística e a promoção do intercâmbio de jovens entre os dois países.
Assumido admirador de Vladimir Putin, a quem elogiou publicamente como “um dos grandes líderes mundiais vivos”, o actor, neto de judeus russos que emigraram para a América, viu ser-lhe atribuída a nacionalidade russa em Novembro de 2016.
O apoio de Seagal a Putin, de quem se tornou amigo pessoal, engloba algumas das iniciativas mais polémicas da política externa russa, como a anexação da Crimeia em 2014, que considerou “muito sensata”. Em 2017, alegando razões de segurança nacional, o governo ucraniano informou que o actor estava proibido de entrar no país por um período de cinco anos.
No seu próprio país, Steven Seagal tem sido um entusiástico defensor de Donald Trump. Quando o novo presidente ganhou as eleições, publicou imediatamente um tweet a felicitá-lo e a acrescentar que estava “ansioso para ajudar a América a recuperar a sua grandeza”. Esta sua nomeação ao serviço da diplomacia de Putin ocorre num momento em que as investigações do procurador Robert Mueller às alegadas interferências russas nas eleições presidenciais americanas começam a chegar aos círculos mais próximos de Trump.
Também produtor e realizador, Seagal, que começou a sua carreira como instrutor de artes marciais, estreou-se como actor em 1988 em Nico – À Margem da Lei, de Andrew Davis, e ganhou notoriedade em 1992 pelo seu papel em A Força em Alerta, do mesmo realizador, onde contracenava com Tommy Lee Jones. Nomeado crónico aos prémios Golden Raspberry (uma paródia dos Óscares) na categoria de pior actor, acabou por nunca ganhar nenhum, mas foi-lhe atribuído o prémio de pior realizador pelo filme Em Terra Selvagem, de 1994.
Especialista em papéis de justiceiro solitário, colabora desde 2013 com a empresa russa de armamento ORSIS, que já anunciou o desenvolvimento de uma linha de fuzis que será baptizada com o nome do actor.
Além do seu percurso no cinema, Seagal é também um músico com dois álbuns editados e tem participado em iniciativas de defesa do ambiente e dos direitos dos animais. Budista e apoiante do actual Dalai Lama, foi já acusado de ter subornado o lama Penor Rinpoche, actual representante máximo de uma das mais importantes linhagens do budismo tibetano, para que este o declarasse a reincarnação de um venerado mestre do século XVII.
Steven Seagal foi também uma das primeiras estrelas de Hollywood a ser visada por denúncias de assédio sexual na sequência das acusações contra o produtor Harvey Weinstein. Em Novembro de 2017, a actriz Portia de Rossi, cônjuge de Ellen DeGeneres, acusou o actor de a ter assediado durante a audição para um filme. “A minha audição final para um filme de Steven Seagal teve lugar no seu escritório. Ele disse-me quão importante era haver química fora do ecrã e fez-me sentar enquanto abria o fecho das suas calças de cabedal. Fugi e chamei a minha agente, que, imperturbável, respondeu: ‘Bem, não sabia se ele fazia o teu género’”, escreveu a actriz num tweet que DeGeneres depois divulgaria junto dos seus 75 milhões de seguidores.
Outras mulheres que acusaram Seagal de comportamentos impróprios foram Juliana Margulies, da série The Good Wife, a modelo Jenny McCarthy e a actriz inglesa e bond girl Rachel Grant, tendo esta última afirmado que o actor a atacara em 2002 num quarto de hotel em Sófia, na Bulgária, onde fora participar numa audição para o filme Liberdade Perdida (2003).