Uber põe travão aos camiões autónomos
O objectivo é centrar os esforços da empresa no regresso dos testes com carros autónomos às estradas norte-americanas. Foram interrompidos depois de um acidente fatal.
A Uber parou de desenvolver camiões autónomos para se dedicar aos carros que não precisam de condutor. O objectivo é centrar a empresa no regresso aos testes destes carros em algumas estradas norte-americanas, depois de um acidente fatal, em Março, no estado do Arizona, ter levado à suspensão dos programas no Canadá e nos EUA.
“Recentemente a Uber decidiu regressar às estradas públicas em Pittsburgh, e, para manter esse objectivo, acreditamos que ter toda a energia e experiência da nossa equipa focada nesse objectivo é o melhor caminho a seguir”, explicou, em comunicado, o líder do grupo de tecnologias avançadas da Uber, Eric Meyhofer. “Vamos seguir em frente exclusivamente com carros.”
Desde do acidente de Março – em que uma mulher de 49 anos foi atropelada por um carro da Uber – que a empresa tem estado a rever o seu programa de testes de carros autónomos. Os chamados “condutores de segurança”, que antes seguiam no lugar do condutor para entrar em acção em caso de imprevistos, vão ser substituído por “especialistas de missão”, que são técnicos treinados para operar nas estradas e nos percursos de teste da Uber e têm de submeter relatórios à empresa sobre as viagens.
Na altura do acidente, um relatório das autoridades do Arizona concluiu que o embate poderia ter sido evitado, se a pessoa que ia no lugar do condutor estivesse com os olhos na estrada e as mãos no volante. Para evitar distracções, passa também a ser obrigatório os carros terem sempre pelo menos duas pessoas no interior. A Uber vai monitorizar todas as viagens em tempo real.
Os trabalhadores a participar no projecto de camiões autónomos da Uber vão ser transferidos para outros lugares na empresa, ou receber compensações financeiras. Os esforços começaram em Março de 2016 para facilitar o transporte de mercadorias em longas distâncias, ao pôr sistemas informáticos a controlar o veículo nas partes mais monótonas da viagem. Na altura, a empresa pagou 650 milhões de dólares (perto de 523 mil milhões de euros) pela Otto, uma startup de camiões autónomos fundada por um antigo engenheiro do Google. O negócio esteve envolto em controvérsia, porque a Waymo, que é a divisão de carros autónomos do Google, acusou a Otto de apenas existir para roubar e distribuir tecnologia. As empresas acabaram por chegar a acordo em tribunal e a Uber pagou cerca de 245 milhões de dólares, em acções, ao Google.
A Uber diz que o fim do projecto de produção de camiões que não precisam de condutor não vai influenciar o serviço de transporte de mercadorias Uber Freight. Trata-se de uma aplicação própria que permite a clientes comerciais marcarem serviços de transporte.