Edifício do Diário de Notícias vai albergar 34 casas de luxo

As obras devem arrancar no último trimestre do ano e custarão cerca de 25 milhões de euros. Na entrada, a sala com os frescos de Almada Negreiros acolherá uma loja.

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A loja ocupará uma área de 1300 metros quadrados no piso térreo dr
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Os apartamentos terão tipologias de de Estúdio, T1, T2, T3 e T5 dr
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O número 266 da Avenida da Liberdade, que albergou o Diário de Notícias durante 76 anos, vai começar a mudar de funções. Vendido no final de 2016 ao grupo Avenue, por 20 milhões de euros, o histórico edifício passará a ter 34 apartamentos e uma loja.

As obras devem arrancar no último trimestre do ano e prolongar-se por 20 meses. O edifício dos anos de 1940 vai ser renovado pela mão do gabinete de arquitectura Contacto Atlântico, liderado por André Caiado. A empreitada deverá custar cerca de 25 milhões de euros, e ainda não foi revelada a construtora que ficará encarregue da obra. 

O 266 Liberdade, assim se chama o projecto, compromete-se a preservar o exterior e repor as fachadas originais do edifício, mantendo as letras góticas do Diário de Notícias.

Os interiores serão reformulados para se transformarem em habitações, encaixando-se “como um puzzle” com os elementos originais do prédio. As fachadas, as escadas, os corrimões com a sua cor original, as paredes com pormenores de mármore, os corredores, o elevador da época e a porta rotativa de madeira da entrada pela Avenida da Liberdade serão preservados. A manutenção destes elementos foi, de resto, uma exigência da câmara de Lisboa e da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) durante um "muito longo e rigoroso" processo de levantamento e análise, garantiu esta quarta-feira o director-geral da Avenue, Aniceto Viegas, na apresentação do projecto à imprensa. 

Os novos apartamentos vão distribuir-se por cinco pisos, com tipologias de Estúdio a T5, sendo que este último ocupará o ultimo piso. As casas terão áreas entre os 45 e os 410 metros quadrados e os preços começam nos 430 mil euros para os estúdios. Por exemplo, para os T1, o preço estipulado é de 560 mil euros. Já nos T2 sobe para os 1,1 milhões, enquanto os T3 deverão ser vendidos por um valor que parte dos 1,7 milhões de euros. Os apartamentos começam a ser comercializados a partir desta quarta-feira e os negócios serão mediados pelas imobiliárias Porta da Frente e JLL. 

O último piso será uma única habitação que contará com uma área exterior de 400 metros quadrados. Os dois pisos subterrâneos, onde funcionara a impressão do jornal, terão 47 lugares de estacionamento privativo. Já o piso térreo será ocupado por uma loja com 1300 metros quadrados, preservando as obras de Almada Negreiros que foram criadas especialmente para este espaço, como o “Grande Planisfério” ou as “Quatro alegorias a Portugal e à Imprensa”. O espaço comercial que ali nascerá terá acesso, tanto pela Avenida da Liberdade como pela rua Rodrigues Sampaio. Para já, não há ainda interessados no espaço, disse Aniceto Viegas. O destino a dar-lhe pode passar pela instalação de uma loja de roupa. Excluída está a possibilidade de ali ser montado um espaço de restauração porque o imóvel não tem condições para tal, notou.

Mais negócios no Porto e Lisboa

O edifício foi construído de raiz para albergar os serviços do jornal. Foi projectado em 1936 pelo arquitecto Pardal Monteiro, tendo sido inaugurado em 1940. Nesse mesmo ano, foi-lhe atribuído o Prémio Valmor, que premeia obras arquitectónicas que nascem na cidade. Desde 1986, está classificado como Imóvel de Interesse Público. É por isso que o processo de licenciamento do projecto foi “muito rigoroso”, admitiu o director-geral da Avenue. Ainda assim, “a solução discutida nos primeiros meses foi muito próxima à versão final”, notou. 

A Avenue está presente em Portugal desde Janeiro de 2015. Neste momento, segundo Aniceto Viegas, tem oito projectos em curso em Lisboa e no Porto em — diferentes fases de desenvolvimento —, para a construção de residências e de escritórios. Já finalizados estão o Liberdade 203, o Liberdade 40 e o Aliados 107, que ocupa o edifício do antigo jornal O Comércio do Porto.

O prédio, construído em 1930, segundo o traço dos arquitectos Rogério de Azevedo e Baltazar de Castro, foi também transformado em habitações de luxo. No total são 23 casas, já todas vendidas, sendo que a maioria foi adquirida por investidores nacionais.

Os valores dos apartamentos variaram entre os 215 mil e os 1,45 milhões de euros, e têm uma área entre 53 e 243 metros quadrados. Sendo igualmente um edifício emblemáticos da baixa portuense, o projecto de reabilitação contemplou também a conservação “dos aspectos arquitectónicos originais”. 

Aniceto Viegas avançou ainda que, à semelhança do que aconteceu com as casas do prédio do jornal O Comércio do Porto, os compradores das casas do prédio do DN poderão ser, sobretudo, portugueses. Segundo o responsável, nos projectos da Avenue, cerca de 40% são investidores nacionais e outros tantos de nacionalidade brasileira.

Estão também em curso projectos na rua da Artilharia 1 e no Chiado. O mais recente investimento é o EXEO Office Campus, um complexo de escritórios que deverá nascer no Parque das Nações. Estão ainda a ser negociados mais dois projectos residenciais, um no Porto e outro em Lisboa. 

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