Câmara de Barcelona oferece-se para acolher mil refugiados

Há refugiados à deriva no Mediterrâneo e a autarca da capital catalã quer ajudar. Mais de 200 migrantes morreram afogados, nas últimas semanas, enquanto tentavam chegar à Europa, segundo as Nações Unidas.

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O resgate de 629 migrantes pela embarcação Aquarius, operada pela SOS Mediterrâneo e Médicos Sem Fronteiras LUSA/Kenny Karpov HANDOUT

A presidente da Câmara de Barcelona, Ada Colau, anunciou neste domingo que a capital catalã está disponível para acolher as mais de mil pessoas que, de acordo com a organização não-governamental (ONG) espanhola Proactiva Open Arms, se encontram neste momento "à deriva" no Mediterrâneo.

Numa publicação no Twitter, Ada Colau disse que a cidade de Barcelona se oferece como um "porto seguro" para os milhares de refugiados que estão à deriva em sete embarcações no Mediterrâneo e que Itália se recusa a receber. Segundo a Proactiva Open Arms, as autoridades italianas deram ordens para que as organizações não-governamentais não interviessem no resgate dos migrantes, encarregando a Guarda Costeira da Líbia do mesmo, esclarece o diário espanhol El País.  Quando a Open Arms se ofereceu para auxiliar Itália nas operações de salvamento, a ajuda terá sido negada. "A resposta: 'Não precisamos da vossa ajuda'", retorquiu o executivo italiano, segundo aquela ONG.

Um dos barcos em questão é operado pela ONG alemã Mission Lifeline, que resgatou mais de 200 pessoas (entre as quais quatro crianças) na costa da Líbia e que se encontra agora perto de Malta à espera que algum país da União Europeia autorize o desembarque. Outro será um navio da empresa de transporte marítimo Maersk, localizado perto da Sicília e para o qual terão sido transferidos 113 refugiados.

Face a este impasse, com as autoridades italianas e maltesas a negarem permissão para atracar, Colau pediu ao presidente do governo de Espanha, Pedro Sánchez, e à vice-presidente do Governo Carmen Calvo que apoiassem a Open Arms na missão de resgate, denunciando ainda que, na Líbia, "as pessoas são torturadas, violadas e escravizadas".

actual presidente da Generalitat (Governo autónomo da Catalunha), Quim Torra, garantiu, por sua vez, citado pelo jornal espanhol El Mundo, que a Catalunha está preparada para receber "pelo menos 1800 refugiados", assegurando que as portas [da comunidade] estão abertas "para este drama humanitário". 

O Governo italiano quer cortar nos fluxos migratórios através de uma política anti-imigração, com Matteo Salvini, ministro do Interior e líder da Liga, de extrema-direita, a encerrar os portos italianos às embarcações de resgate e a defender a intervenção das autoridades líbias "sem ter barcos das ONG a interromper e incomodar".

A líder da Câmara de Barcelona Ada Colau, por outro lado, tem vindo a reunir esforços no sentido contrário. Até Maio deste ano, o serviço de apoio a imigrantes da Câmara Municipal de Barcelona já tinha auxiliado 3589 potenciais requerentes de asilo, face a 4400 em 2017, segundo dados divulgados pelo El País. Este mês, o actual Governo de Sánchez permitiu o desembarque de 629 refugiados em Valência, a bordo do Aquarius operado pela SOS Mediterrâneo, depois de os governos de Itália e de Malta terem recusado abrir os portos.

O Instituto Nacional de Estatística de Espanha citado pela agência Reuters, diz que em 2017 a população espanhola aumentou (pelo segundo ano consecutivo) para 46,66 milhões. Para estes números contribuiu o crescente fluxo de migrantes, que representaram um aumento líquido de 146.604 pessoas no país, provenientes essencialmente da Venezuela, Colômbia, Itália e Marrocos. 

Os refugiados que procuram asilo na Europa chegam essencialmente do Norte de África e países em guerra como a Síria. Neste domingo, líderes europeus reuniram-se em Bruxelas numa minicimeira informal para debater a actual "crise migratória", depois de uma troca de acusações entre Itália e França, à qual Espanha se juntou. Nas últimas semanas, pelo menos 220 refugiados morreram, vítimas de naufrágios, ao largo da costa da Líbia, de acordo com um relatório das Nações Unidas.

Texto editado por Victor Ferreira

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