Análise indica erro do piloto automático em acidente fatal com Tesla

O carro acelerou nos segundos antes de bater numa barreira de protecção. O condutor tinha as mãos fora do volante.

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Os carros têm piloto automático, mas a marca avisa que as mãos devem estar no volante Reuters/MIKE BLAKE

Um relatório preliminar aponta para falhas no piloto automático do Tesla que se despistou em Março, num acidente que matou o condutor e único ocupante, ao indicar que o carro acelerou nos segundos imediatamente antes do embate numa protecção lateral.

A informação, obtida através de uma análise aos registos guardados pelo software do carro, foi divulgada pela autoridade americana responsável pela segurança rodoviária. A investigação está em curso e a autoridade ainda não tirou conclusões sobre as responsabilidades pelo despiste.

O acidente aconteceu quando o carro se desviou para a zona que dividia a faixa principal e a faixa de saída da auto-estrada onde seguia, acabando por embater numa protecção (que já estava danificada) e, depois disso, noutros dois carros. A parte da frente do Tesla separou-se do resto da carroçaria e a bateria eléctrica do automóvel deu origem a um incêndio. O condutor, um homem de 38 anos, foi retirado do carro antes de este ter sido envolvido pelas chamas. Acabou por morrer no hospital. O ocupante de um dos outros carros teve ferimentos ligeiros e o outro não sofreu consequências.

De acordo com os registos, o piloto automático esteve activo quatro vezes durante os 32 minutos da viagem, incluindo durante os 18 minutos e 55 segundos antes do acidente. Entre outras funcionalidades, este piloto automático é capaz de controlar a velocidade do veículo, mudar de faixa e fazer travagens. O sistema incorpora uma funcionalidade de cruise control (que permite definir uma velocidade estável) capaz de abrandar e de manter uma distância pré-determinada face a um veículo mais lento que esteja à frente.

Nos 15 minutos que antecederam o despiste, o carro não fez nenhum alerta para que o condutor pusesse as mãos no volante. No entanto, antes disso, o condutor tinha sido alertado três vezes (duas por indicações no ecrã e outra por um sinal sonoro) para que o . 

No último minuto, as mãos do condutor foram detectadas por três vezes no volante, por um total de 34 segundos (nos seis segundos finais, as mãos estavam fora do volante). Nos oito segundos antes do embate, o Tesla começou a seguir o trajecto de outro carro, circulando a cerca de 105 quilómetros por hora, o limite de velocidade naquele troço. Nos últimos sete segundos, o Tesla começou a desviar-se para a esquerda, continuando a seguir o carro em frente. A quatro segundos de bater deixou de seguir o carro. Nos últimos três segundos, o veículo acelerou para 114 quilómetros por hora em direcção à protecção. Não há registo de tentativas de travagem, nem de mudança de direcção. O cruise control estava definido para uma velocidade de cerca de 120 quilómetros por hora.

O acidente é mais um que leva as autoridades a debruçarem-se sobre o funcionamento dos sistemas que são normalmente chamados pilotos automáticos e que fazem parte dos esforços de várias marcas para comercializar veículos cada vez mais autónomos. No ano passado, as autoridades americanas concluíram que a Tesla não deveria ser responsabilizada por um acidente fatal de 2016, no qual um carro em piloto automático colidiu com um camião num cruzamento. O sistema não foi capaz de identificar o camião, que era branco, devido às condições de luminosidade. Mas a investigação ilibou a marca porque esta avisa que os condutores devem ter as mãos no volante e usar o piloto automático como auxiliar de condução.

Já no mês passado, a notícia de um acidente com outro Tesla, que causou apenas ferimentos ligeiros à condutora, levou à ira do presidente da marca, Elon Musk. O empresário – que tem enfrentado dificuldades de produção e, recentemente, desconfiança por parte dos investidores – indignou-se com o facto de o acidente ter sido coberto pelos jornalistas. “É super errado que um acidente com um Tesla de que resultou um tornozelo partido seja notícia de primeira página e que as cerca de 40 mil pessoas que morreram em acidentes automóveis só nos EUA durante o último ano quase não tenham cobertura”, escreveu Musk no Twitter. Vários jornalistas replicaram, naquela rede social e em artigos, que o que estava em causa era a novidade de carros a circular em piloto automático e não as consequências do acidente. A mulher admitiu que estava a olhar para o telemóvel quando o carro bateu a 97 quilómetros por hora num camião dos bombeiros.

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